Nelson Bortolin
Pouco mais de 24 horas após o início da greve dos caminhoneiros, a Petrobras anunciou redução dos preços dos combustíveis. O diesel cairá 1,54% e será vendido a R$ 2,3351 nas refinarias. A redução da gasolina é de 2,08%, para R$ 2,0433. Segundo a estatal, a queda é em função da variação do dólar.
No seu segundo dia, a greve ganhou força. Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), no final da manhã desta terça-feira (22), eram 123 pontos de manifestações, em 18 estados. Minas Gerais (22), Paraná (22) e Santa Catarina (17) são os que têm mais protestos.
Confira entrevista feita com um grupo de caminhoneiros pela Carga Pesada, na PR 151, no Trevo de Castro (PR), na noite desta segunda-feira.
O movimento tem como principal reivindicação a baixa dos preços do óleo diesel. Segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), em junho do ano passado, o preço médio do diesel comum nas bombas variava de R$ 2,833 no Sul a R$ 3,197 no Centro-Oeste. E o do S10 era R$ 2,969 no Sul e R$ 3,328 no Centro-Oeste. Em julho, foi implantada a nova política de reajuste da Petrobras, que prevê a paridade dos preços com os do mercado internacional. Na última pesquisa da ANP, feita de 13 a 19 de maio, o diesel comum custava R$ 3,432 no Sul e R$ 3,796, no Centro-Oeste. E o S10, R$ 3,542 e R$ 3,796, respectivamente. O aumento varia de 15% a 21%.
De acordo com a Agência Brasil, o presidente da Petrobras, Pedro Parente, diz que o governo não considera mudar a política de reajustes.
Em ofício enviado ao governo na semana passada, a Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam) pede a isenção de PIS, Cofins e Cide sobre o óleo diesel utilizado por transportadores autônomos. A associação também propõe medidas de subsídio à aquisição de óleo diesel por meio da criação de um Fundo de Amparo ao Transportador Autônomo.
Segundo a Agência Brasil, o ministro-chefe da Casa Civil da Presidência da República, Eliseu Padilha, disse que o governo está preocupado com o aumento constante do preço dos combustíveis, mas ressaltou que ainda não há uma definição do que será feito.
Durante teleconferência com a imprensa estrangeira, o ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, disse nesta segunda-feira (21) que o governo examina a redução de tributos incidentes sobre os combustíveis.
APOIO
O movimento dos caminhoneiros conta com o apoio das transportadoras. O presidente do Sindicato das Empresas de Transportes do Paraná (Setcepar), Marcos Egídio Battistella, diz que a greve é justa e que as empresas também sofrem com o aumento do diesel. E a política de reajustes, praticamente diários, prejudica as negociações de frete com os embarcadores. “Deveria ter um intervalo mínimo de 30 dias para os ajustes nos preços”, defende.
Segundo Battistella, com os protestos, o Brasil “praticamente parou”. “De certa forma as empresas aderiram não mandando os caminhões para as estradas. O movimento está mostrando a força do setor”, declara. Ele afirma que a indústria sentiu o impacto da greve. “Já temos clientes com problemas porque não recebem as matérias-primas.”