Polícia indicia 9 pessoas por queda de guindaste na Arena Corinthians

Publicado em
16 de Julho de 2014
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Se condenados, penas podem variar de 1 a 3 anos de prisão. Dois operários morreram no desabamento do equipamento em novembro.

 

Do G1 São Paulo

 
 
 

A Polícia Civil indiciou nove pessoas pelo acidente com o guindaste que tombou em novembro, matando dois operários na Arena Corinthians, em Itaquera, na Zona Leste de São Paulo. Segundo o delegado responsável pela investigação, Luiz Antonio da Cruz, titular do 65º distrito policial, de Arthur Alvim, uma fiscalização mais rigorosa teria percebido que o solo não ia suportar o peso do equipamento, informa o SPTV.

Dos nove funcionários indiciados pela polícia, sete trabalhavam para a Odebrecht, responsável pela construção do estádio, palco de abertura da Copa do Mundo de 2014, no dia 12 de junho. Os outros dois são da Locar, empresa contratada para operar o guindaste.

Em novembro do ano passado, o guindaste estava erguendo a última peça que faltava da cobertura da arquibancada. Mas o guindaste tombou junto com a estrutura de 420 toneladas. O motorista Fábio Luiz Pereira, de 41 anos, e o montador Ronaldo Oliveira dos Santos, de 43, ambos funcionários terceirizados, morreram no acidente, ocorrido em 27 de novembro de 2013.

No mês passado, o laudo do Instituto de Criminalística concluiu que o solo onde o guindaste estava sofreu um afundamento. Segundo o documento, o equipamento não tinha problemas mecânicos e tampouco houve erro do operador.

A polícia indiciou as nove pessoas pelo crime de desabamento com morte. Se condenadas, elas ficam sujeitas a uma pena que varia de 1 a 3 anos de prisão.

Entre as pessoas que vão responder na Justiça pelo desabamento, estão três engenheiros da obra. A Odebrecht disse que não concorda com o indiciamento de seus funcionários e que vai se manifestar em detalhes quando o inquérito policial terminar.

A Locar Guindastes e Transportes disse que aguarda a formalização de eventuais deliberações pelas autoridades e lembrou que tem colaborado com as investigações.

O acidente
Os peritos passaram quase seis meses analisando cada detalhe do acidente que matou dois operários no estádio em 2013. Em novembro do ano passado, uma parte da estrutura metálica que cobriria a arquibancada desabou e destruiu parte da Arena. Dois operários morreram. No momento do acidente, um guindaste estava erguendo uma peça de 420 toneladas.

Desde então, a polícia investigava se houve falha mecânica, na operação do equipamento ou no planejamento da obra. O equipamento é de extrema precisão. A torre, que ergue peças de até 1.500 toneladas, tem 114 metros de altura. Segundo a fabricante, o guindaste precisa operar em um terreno muito plano, com inclinação máxima de 0,3 grau.

Para os peritos, a base de pedras e chapas de aço – construído acima do solo pra suportar o peso do guindaste – cedeu em alguns pontos. Com isso, o guindaste se inclinou e acabou tombando.

Em abril deste ano, a Odebrecht, empresa responsável pela obra, apresentou um estudo de 500 páginas afirmando que a queda do guindaste não foi provocada por instabilidade no solo. O laudo que a construtora do estádio encomendou a uma empresa especializada, dizia que o aterro compactado de quatro metros de profundidade não se deformou, nem amoleceu com as chuvas e poderia suportar o peso do guindaste.

Outro acidente
Em 29 de março deste ano, outro operário morreu na obra. Fabio Hamilton da Cruz, de 23 anos, quando participava da montagem de parte das arquibancadas provisórias, no setor sul, e caiu de uma altura de nove metros. A vítima foi socorrida e levada ao Hospital Santa Marcelina, mas não resistiu aos ferimentos. Ao todo, nove pessoas morreram nas construções de estádios da Copa em todo o país.

Os acidentes atrasaram o cronograma da obra. No dia 15 de abril, a construtora Odebrecht entregou o estádio ao Corinthians, mas sem que as arquibancadas provisórias estivessem prontas.

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