PIB do Brasil diminui 1,9% no 2º trimestre

Publicado em
28 de Agosto de 2015
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O Produto Interno Bruto (PIB) teve queda de 1,9% no segundo trimestre deste ano, na comparação com o primeiro trimestre, feitos os ajustes sazonais, de acordo com o resultado das Contas Nacionais divulgado hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

O resultado veio pior que a média apurada pelo Valor Data junto a 18 consultorias e instituições financeiras, que apontava retração de 1,7% no período. As projeções variaram de recuo de 1,2% a contração de 2,1%

No primeiro trimestre de 2015, o PIB se retraiu 0,7%, ante o quarto trimestre de 2014, dado revisado de uma queda de 0,2%. Com isso, o país passa pelo que é conhecido por ?recessão técnica?, quando há dois trimestres consecutivos de recuo do produto.

Na comparação com o mesmo período do ano passado, o PIB diminuiu 2,6%, o quinto recuo consecutivo nesse confronto. O mercado esperava, em média, queda de 2%.
Indústria.

No lado da oferta, a indústria teve retração de 4,3% no segundo trimestre, na comparação com o período entre janeiro e março, resultado que veio pior que a média apurada pelo Valor Data, de queda de 3,1%. 

No PIB, a indústria engloba, além do setor manufatureiro e extrativo, a construção civil e a produção e distribuição de energia e gás. Entre janeiro e março, o setor teve queda de 0,7% na comparação com o quarto trimestre de 2014, dado revisado de um recuo de 0,3% inicialmente previsto. Na comparação com o segundo trimestre do ano passado, o PIB industrial caiu 5,2%.

Economistas já previam que a indústria continuaria a recuar, agora de forma mais expressiva. Segundo especialistas, além da retração na demanda, o setor enfrenta dificuldade adicional com acúmulo de estoques, apesar da queda da produção. A queda dos investimentos também dificulta a retomada do setor.

Serviços

Entre o primeiro e o segundo trimestre, o setor de serviços, que engloba comércio, intermediação financeira e serviços públicos, entre outros, teve retração de 0,7%, feito o ajuste sazonal. 

A média das estimativas apurada pelo Valor Data era de queda de 0,9% para esse ramo de atividade, em média. 

No primeiro trimestre, o setor teve recuo de 0,9% ante o quarto trimestre do ano passado, dado revisado de uma queda de 0,7%.

Na comparação com o mesmo período do ano passado, o PIB do setor de serviços caiu 1,4%.

Analistas já esperavam que a desaceleração da atividade, antes mais concentrada na indústria, se espalhasse para outros setores, principalmente os serviços. A deterioração do mercado de trabalho e alta da inflação reduziram o poder de compra das famílias e afetaram também esse segmento da economia.

Agropecuária

O PIB do setor agropecuário, por sua vez, recuou 2,7% no segundo trimestre de 2015, ante o primeiro, quando teve alta de 4,8%, dado revisado de uma alta inicialmente prevista em 4,7%.  A queda veio pior do que a média esperada pelos analistas, que era de queda de 2%.

Ante o mesmo período do ano passado, o PIB agro cresceu 1,8%.

Demanda

Sob a ótica da demanda, o consumo das famílias diminuiu 2,1% no segundo trimestre deste ano, ante o período imediatamente anterior. Analistas esperavam, em média, retração de 1,5%. Em relação ao segundo trimestre do ano passado, o consumo das famílias caiu 2,7%.

No primeiro trimestre, o consumo das famílias já tinha recuado 1,5%, ante os três últimos meses do ano passado.

Economistas entrevistados pelo Valor já previam que o baque sentido pelo mercado de trabalho levaria o consumo das famílias a cair novamente no segundo trimestre. A perda de ritmo da atividade aumentou o desemprego, cenário que, somado à inflação ainda alta e à elevação dos juros, reduziu a capacidade de compras dos brasileiros.

A demanda do governo teve alta de 0,7% no segundo trimestre, ante uma expectativa de diminuição de 0,1%.

O investimento voltou a cair, de forma mais contundente. A formação bruta de capital fixo (FBCF - que representa o investimento em máquinas, equipamentos, em construção e pesquisa) baixou 8,1% entre abril e junho, ante janeiro a março. Foi o oitavo trimestre consecutivo de recuo nesse componente do PIB. A previsão do mercado era de queda de 7%. Em relação ao mesmo trimestre de 2014, a Formação Bruta de Capital Fixo recuou 11,9%.

A taxa de investimento atingiu 17,8% do PIB no segundo trimestre deste ano.

Setor externo

As exportações voltaram a registrar desempenho positivo no segundo trimestre de 2015. Entre abril e junho, as vendas do Brasil ao exterior aumentaram 3,4% em relação ao período entre janeiro e março, na série com ajuste sazonal, de acordo com o IBGE.

O resultado, porém, ficou abaixo da média das projeções coletadas pelo Valor Data, que apontava aumento de 3,8%. Em relação ao segundo trimestre de 2014, houve avanço de 7,5% das exportações.

No primeiro trimestre, as exportações tiveram alta de 16,2%, dado revisado de um avanço inicialmente previsto em 5,7%.

As importações caíram 8,8% ante o primeiro trimestre. O recuo foi mais acentuado do que a média das projeções coletadas pelo Valor Data, que apontava queda de 7,9%. 

Em relação ao segundo trimestre do ano passado, houve queda de 11,7% das compras de bens do exterior. 

Entre janeiro e março, as importações aumentaram 0,9%, dado revisado de um aumento de 1,2%.

Analistas já esperavam uma contribuição positiva do setor externo ao PIB, por causa da desvalorização do câmbio e também uma queda mais intensa das compras externas causada pela recessão da economia.

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