Petrobras tem prejuízo de R$ 0,40 por litro de gasolina

Publicado em
23 de Agosto de 2012
compartilhe em:

Sem incentivo ao etanol para suprir demanda, estatal é obrigada a importar com preços mais caros

Para atender o aumento da demanda interna por combustíveis, foram importados pela Petrobras no primeiro semestre de 2012 395 mil barris/dia de derivados de petróleo, o que representou um aumento de 21% em relação ao mesmo período de 2011. Cada litro de gasolina é comprado por cerca de R$ 1,65 e revendido no mercado interno por R$ 1,25, um prejuízo de R$ 0,40 por litro. Só no primeiro semestre deste ano, o subsídio de 24% causou prejuízo de R$ 11 bilhões para a empresa.

Os dados foram levantados pelo ex-superintendente da Agência Nacional de Petróleo (ANP) e diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBEI), Adriano Pires, para criticar a falta de uma política de estado para o setor de etanol. "Esse é o pior cenário possível. Estamos matando a indústria do etanol e prejudicando financeiramente a Petrobras", avaliou. Segundo dados da balança comercial brasileira, entre março e abril deste ano, as importações diárias de combustíveis e lubrificantes passaram de R$ 210 milhões para R$ 275 milhões. Na pauta de importações brasileiras, a gasolina já está em nono lugar.

Segundo o secretário executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Alessandro Teixeira, em entrevista para a agência de notícias do governo, a produção de gasolina não acompanha a demanda pelo combustível - aumentada em razão dos incentivos fiscais dados pelo governo à indústria automotiva e pelo aumento da frota.
Para evitar que falte gasolina nas bombas, a Petrobrás é obrigada a importar gasolina a preços internacionais e revendê-la no país com preços congelados desde 2009. Para ajudar no controle da inflação, o governo orientou a Petrobras a não reajustar os preços, que, segundo o ministro de Minas e Energia, Edson Lobão, só devem voltar a subir no ano que vem.
"Se tem de dar subsídio para a gasolina por causa da inflação, por que não dar também para o setor de etanol", questiona Pires. Ele diz que, logisticamente, o Brasil não tem condições de seguir aumentando o ritmo das importações de combustível. "Não temos capacidade portuária e de estradas. Pode haver um apagão de combustível", alerta Pires. "Medidas são urgentes. Nem os usineiros, nem a Petrobras e nem a infraestrutura do país sustentam esse modelo de importação por mais tempo".
Aumento da mistura pode ser a saída - O aumento dos atuais 20% para 25% de etanol anidro no composto da gasolina seria uma medida do governo para aumentar a demanda por etanol e reduzir a dependência da Petrobras por importação.
Em um primeiro momento, os próprios usineiros se disseram incapazes de atender a esse eventual aumento de mercado em razão da queda de produtividade. Na última semana, no entanto, o ministro de Minas e Energia, Edson Lobão, disse que a decisão ainda está em aberto e alteração no percentual pode acontecer neste ano. "Se eles derem garantia de fornecimento, podemos aumentar". (PG) BNDES vai liberar mais R$ 10 bilhões
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vai disponibilizar R$ 10 bilhões em financiamentos para o setor de petróleo e gás natural. Segundo o presidente da instituição, Luciano Coutinho, os valores disponibilizados para o setor devem ser maiores ano a ano, à medida que as principais empresas do setor avançarem com seus planos de inovação.
Segundo Coutinho, que fez o anúncio do valor disponível para financiamento em seminário promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), os recursos não estarão disponíveis apenas para projetos ligados ao pré-sal.
Esses R$ 10 bilhões não incluem outros R$ 3 bilhões que já haviam sido anunciados para o programa Inovapetro, que tem o objetivo de fomentar a pesquisa e o desenvolvimento no setor, sobretudo para a cadeia de fornecedores. Para esse programa, os recursos serão disponibilizados até 2016.

Boletim Informativo Guia do TRC
Dicas, novidades e guias de transporte direto em sua caixa de entrada.