Pesquisa avalia uso do biodiesel em ônibus e caminhões

Publicado em
08 de Junho de 2010
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Pesquisa da Confederação Nacional do Transporte (CNT) com 262 empresas de transporte rodoviário e urbano de cargas e de passageiros entre agosto e novembro do ano passado mostra que 76% das transportadoras consultadas não relataram problemas nos motores dos veículos em decorrência da mistura do biodiesel ao diesel comum. O levantamento intitulado "A adição do biodiesel e a qualidade do diesel no Brasil" foi coordenado por técnicos do Programa Ambiental do Transporte (Despoluir) e executado por 20 federações de transporte rodoviário de cargas e de passageiros de todo o país.

O estudo também constatou que, entre as empresas pesquisadas, 21% observaram problemas após o início da comercialização da mistura, como o aumento da troca de filtro de combustível e dos resíduos em bombas, bicos injetores e válvulas; formação de borra no tanque do veículo; perda de potência do motor; aumento da emissão de poluentes e de resíduos na câmara de combustão; ferrugem nos tanques de ferro e partículas no escapamento. As 3% restantes não fazem este tipo de verificação nos motores.

Em relação à questão dos resíduos, o documento lembra que o depósito de borra no fundo do tanque de combustível é comum em veículos antigos e alerta para a possibilidade de ocorrer o descolamento desse material em razão da maior lubricidade do biodiesel B5, com sérios danos ao motor. A recomendação dos técnicos é que seja feita a limpeza dos tanques desses veículos para evitar prejuízos futuros para as empresas.

A análise da adição do biodiesel envolveu empresas de transporte rodoviário e urbano de diferentes tamanhos (de 1 a 3.000 veículos) em todas as regiões do país. No segmento de carga, foram consultadas 106 empresas (41% do total), além de 90 (34%) no transporte urbano de passageiros e de 66 (25%) no transporte rodoviário de passageiros.

Apesar de a avaliação geral indicar que aparentemente a mistura não afeta os motores, a pesquisa conclui que as alterações físicas de cor, a aparência turva, o aumento da borra no tanque e a presença de impurezas apontadas por 56% das empresas "são indicadores primários de interferência do biodiesel no desempenho e nos custos de manutenção das empresas de transporte." Usado desde janeiro de 2008, o biodiesel é adicionado ao diesel comum na proporção de 5% do total da mistura desde janeiro deste ano.

O relatório do levantamento recomenda ainda a realização de estudos prolongados para mensurar o efeito da adição do biocombustível, e observa que esse estudo deve considerar fatores que podem interferir no desempenho dos motores, como o tipo de diesel usado, especificações técnicas, modo de dirigir, tipos de veículo e frequência de manutenção.

Abastecimento e manutenção

O levantamento apurou também informações sobre o comportamento das empresas em relação ao abastecimento e à manutenção da frota de veículos. O resultado mostra que, em 56% dos casos, o abastecimento é feito somente na empresa, com destaque para o transporte público urbano de passageiros, no qual 96% das empresas têm sistemas de abastecimento e armazenagem próprios. Outros 24% abastecem somente em postos de combustíveis, caso de grande parte dos transportadores rodoviários de carga que percorrem longas distâncias, enquanto os demais 20% utilizam tanto o abastecimento interno quanto os postos.

Em relação à manutenção, 80% dos transportadores pesquisados que abastecem somente na própria empresa revelaram que fazem a limpeza do tanque pelo menos uma vez por ano e a verificação de vazamento neste compartimento pelo menos uma vez por semana. A drenagem do tanque é feita pelo menos uma vez por mês por 72% das empresas, enquanto a verificação volumétrica da bomba de combustível é feita pelo menos uma vez a cada mês por 70% das que responderam o questionário.

Entre aqueles com abastecimento misto, mais de 80% fazem a limpeza do tanque pelo menos uma vez por ano; mais de 75% drenam o tanque pelo menos uma vez por mês; mais de 70% verificam pelo menos uma vez por mês o volume da bomba e mais de 65% conferem de existem vazamentos semanalmente.

Em ambos os casos os controles, no entanto, não são feitos na frequência recomendada. A orientação é que a drenagem do compartimento seja feita semanalmente para evitar que a presença de água por condensação permita a formação de bactérias que afetam a qualidade do diesel. Para evitar eventuais derramamentos do produto, o ideal é verificar diariamente se existe algum vazamento no tanque do veículo. Em relação à verificação do volume da bomba de combustível, esta deve ser feita quinzenalmente para maior controle sobre o consumo. 

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