Pesados terão mais um ano amargo

Publicado em
11 de Janeiro de 2016
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O ano de 2015 foi mesmo inimaginável para o segmento de veículos comerciais pesados, principalmente para caminhões que nunca cogitou amargar queda expressiva de 47,7% sobre o ano anterior com a venda de 71,6 mil unidades. O volume que fez o mercado retornar ao patamar de 2003, segundo dados divulgados pela Anfavea na quinta-feira, 7.

Segundo projeções da entidade, em 2016 o setor de pesados, incluindo caminhões e ônibus, enfrentará dificuldade semelhante ao prever volume de 76,1 mil unidades, 14% menor que o de 2015, quando as 88,4 mil unidades já ficaram 46,2% abaixo do resultado do ano anterior. Já as vendas de ônibus caíram 38,9% no ano, para 16,7 mil unidades.

"Foi uma queda substancial a de 2015 embora o volume tenha ficado próximo dos 90 mil previsto pelas montadoras no fim do ano. O resultado foi influenciado pela retração do PIB, baixa confiança do consumidor e condições menos atrativas de financiamento", argumenta Luiz Carlos de Moraes, vice-presidente da Anfavea durante a apresentação do balanço anual do setor.

A boa notícia para o setor são as novas condições do Finame TJLP (Taxa de Juros a Longo Prazo) anunciada em dezembro pelo governo e em substituição ao Finame PSI, extinto em 31 de dezembro de 2015. Entre as mudanças e especificamente para a aquisição de caminhões e ônibus por empresas de grande porte a participação do BNDES no financiamento permanecerá em 70% do valor do bem, mas a participação da TJLP na composição do custo será maior, de 70%, sendo que os 30% restantes financiados com taxas de mercado. Até então, o financiamento era realizado com 50% em TJLP e 50% com taxas de mercado.

"A nova regra traz previsibilidade ao setor; poderemos contar com ela durante todo o ano e traz a vantagem de ter sido publicada antes do fim do ano, diferente de outras medidas que em anos passados foram comunicadas em janeiro e só começavam a vigorar em fevereiro", afirma Moraes. "As condições econômicas são difíceis, mas é o que nós temos e vamos trabalhar com isso", acrescentou.

Em sua avaliação do ano, Moraes relembra que a parada brusca das operações pelo Finame PSI no fim de outubro e sua retomada em novembro causaram impactos importantes nas vendas de fim de ano: "Estávamos com uma média de 6 mil unidades por mês e caiu de 4 mil a 5 mil com a mudança", informou.

O segmento pesado com PBT acima de 15 toneladas foi o mais impactado em 2015: a queda das vendas chegou a 60% sobre o ano anterior, para pouco mais de 18,6 mil unidades. Semileves e leves registraram os menores índices de retração, de 6,5% e 32,6%, respectivamente, para 3,7 mil e 19,3 mil unidades.

Já as exportações foram totalmente na contramão do mercado interno encerrando o ano com crescimento de 17,7% para um total de 20,8 mil caminhões. Houve crescimento dos embarques para diversos mercados: 18,6% para a Argentina, 34% no Chile, 54% para a África do Sul e 88% de alta das exportações de caminhões para o México. No segmento de chassis, as montadoras brasileiras enviaram 7,3 mil ônibus para o exterior, 10,9% a mais do que em 2014.

"As exportações não compensaram a queda da produção", disse Moraes. Diante da fraca demanda do mercado doméstico, as fábricas de pesados ajustaram seus estoques revelando queda de 47,1% da produção em 2015, para 74 mil caminhões, e queda de 34,7% para a produção de chassis de ônibus, com 21,4 mil unidades.

Para 2016, as projeções das montadoras preveem exportações novamente em alta, com aumento de 12,4% sobre 2015, para um total de 31,7 mil veículos pesados, considerando caminhões e ônibus. Para acompanhar os embarques, a produção deve crescer 12,8%, para 107,8 unidades.

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