Pesados - Centro de gravidade e de economia

Publicado em
30 de Agosto de 2012
compartilhe em:

A busca pela otimização do tempo e do espaço tem levado empresas e especialistas em logística a criar alternativas mais simples e seguras para o transporte de carga. O objetivo é garantir não apenas agilidade e precisão na entrega como também a redução do desgaste do caminhão, que pode render mais com menos esforço. Com o foco em resultados, as soluções englobam desde a distribuição da carga na hora do embarque até a manutenção de estoques, processamento de pedidos e armazenagem.

Nessa linha, o engenheiro de vendas da Iveco, Vicente Garcia, afirma que a montadora procura orientar os clientes com base em estudos atualizados e precisos.

“Um a das orientações essenciais é que o início do carregamento seja sempre pela parte central da plataforma de carga, colocando-se primeiro as partes mais pesadas e depois as mais leves.” Garcia argumenta ainda que a sequência deve ser efetuada simultaneamente sempre do centro para as extremidades dianteira e traseira do veículo. “Para completar, a amarração deve ser efetuada de forma segura e de tal maneira que não se permita o deslocamento da carga para qualquer um dos lados.”

Outro detalhe importante é que as cargas destinadas a mais de um cliente devem ter um planejamento logístico antes de serem carregadas. Segundo Garcia, em primeiro lugar é preciso que seja traçado um plano lógico de descarregamento para, na sequência, posicionar a carga de tal forma que ela não provoque desequilíbrio no caminhão ao ser retirada. “O ideal aqui é planejar para começar as entregas partindo-se pela parte central da plataforma de carga”, completa.

Já o também engenheiro Rubem Penteado de Melo, da Transtech Ivesur Brasil, entende que a regra básica para garantir segurança e eficiência é coincidir o centro de gravidade da carga com centro geométrico da carroceria. “Isso é mais fácil de conseguir quando a carga é uniforme (ou a granel, por exemplo). Mas quando a carga é fracionada, com diversos tipos de produtos, torna-se mais difícil, exigindo um planejamento para garantir uma boa distribuição.”

Ele acrescenta que, caso isso não ocorra, algum dos eixos será sobrecarregado, mesmo que a carga total esteja correta, podendo gerar multa na balança ou mesmo danificar eixo, molas ou pneus. “Bom, essa é a regra geral, mas existem algumas exceções, como, por exemplo, as carretas longas de três eixos (com mais de 14 metros), que acabam sobrecarregando a tração do caminhão-trator.”

Segundo ele, existem ainda outros erros no carregamento. “Por exemplo, se a carga tem o peso correto, mas não ocupa todo o furgão, costumamos encostar no painel dianteiro, por questões de segurança para evitar que tombem para frente nas frenagens, mas isso provoca desequilíbrio na distribuição entre os eixos, e precisa ser compensado.”

Além de treinamento presencial dado por sua empresa, Melo disse que passará a atender a solicitações de cursos pela internet. “Devido aos problemas registrados em todo o país, inclusive com ações civis públicas para coibir multas por excesso de peso, estamos finalizando um treinamento on-line sobre as técnicas de que falei”, diz. “É importante que o motorista aprenda a definir ‘quanto’ carregar e ‘como’ carregar cada tipo de caminhão ou carreta.”

DIRIGIBILIDADE.

Segundo o coordenador e instrutor do Centro de Treinamento de Motoristas Centronor, em Vacaria (RS), Renato Rossatto, as técnicas de logística são estudadas nos mínimos detalhes pelos alunos.

“Carga mal distribuída torna-se um sério problema para o profissional da estrada, pois o peso mal distribuído por eixo pode afetar a dirigibilidade geral do veículo, influenciando na frenagem, consumo de combustível e diretamente na resposta da direção do caminhão”, destaca. Segundo ele, um peso apoiado muito em cima do eixo de tração, em detrimento da sua correta distribuição sobre todo o assoalho da carreta, pode causar impactos em aceleração e desaceleração, além de dificultar a condução por parte do motorista, que necessita se manter mais atento na direção.

Rossatto diz ainda que o desgaste decorrente da inadequada distribuição do peso torna-se brutal, pois o consumo dos pneus ocorre não apenas por pressão, m as também pelo peso apoiado nos respectivos eixos. “A segurança também deve ser considerada, pois, com o comportamento irregular do caminhão, a estabilidade da direção fica comprometida. Temos que levar em conta que todo pneu apresenta um limite de transporte de peso por unidade ou em conjunto (par). Dessa forma, necessitamos obrigatoriamente obedecer tal limite, distribuindo o peso por igual e dentro das margens de tolerância dos pneus. Se tal ação não for obedecida, poderemos estar impactando com carga excessiva um determinado conjunto de pneus, fato este que pode gerar consequências desastrosas. Isto porque podemos estar ultrapassando o seu limite de peso máximo operacional simplesmente devido à incorreta distribuição de peso da carga transportada.”

Rossatto afirma que há outra razão prática para isso. “É que a má distribuição de peso por eixo pode ocasionar o pagamento de multas quando veículo for pesado nos postos obrigatórios.”

Boletim Informativo Guia do TRC
Dicas, novidades e guias de transporte direto em sua caixa de entrada.