Pequenos empresários têm dificuldade em calcular quantidade de mercadorias para datas importantes

Publicado em
08 de Outubro de 2012
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Dtas como o fim do ano geram preocupação aos que deram partida nos negócios recentemente

Definir o volume de estoque não é uma tarefa fácil. Principalmente para quem está começando e não tem qualquer referência de como será o desempenho das vendas. Ainda mais crítico é o momento atual vivido pelos micro e pequenos empresários que estão prestes a passar pelo primeiro Natal e começam a calcular, sem muita certeza, os pedidos a serem feitos para os fornecedores.

Adriana Carvalho e Radamés Pereira, proprietários da Infatti Interiores, no Shopping Minascasa, estão nessa situação. Na semana passada, encerraram as encomendas às fábricas e optaram pela parcimônia. “Não investimos tanto em estoque. Fizemos uma compra que achamos que será suficiente para atender a demanda de pronta entrega”, conta Adriana. Ao buscar referência com um dos fornecedores, se surpreendeu com a orientação. “Tem loja que comprou 180 sofás. Mas tem 20 anos de mercado. Eu comprei 20. Não temos capital para assumir esse risco”, pondera.

Assim como os novos empresários do ramo de decoração, os outros cinco micro e pequenos negócios acompanhados desde julho pelo projeto Minha vida de empresário do Estado de Minas encontram dificuldade semelhante para garantir a oferta dos produtos. O impasse é tema da quinta reportagem da série que acompanhará o primeiro ano de vida desses empreendimentos com a intenção de mostrar a evolução dos negócios, os obstáculos e o amadurecimento alcançado por cada uma das empresas durante período crucial para sobrevivência.

O sócio da loja de presentes criativos Inbox Alessandro Oliveira adotou a mesma política de Adriana e Radamés e, apesar de o Natal ser a data mais importante para o comércio, não será de exageros. Segundo ele, a preocupação agora é montar uma rede de fornecedores que não os deixe na mão na hora de repor o estoque. “Estamos trabalhando para não repetir o ocorrido no Dia dos Pais, quando tivemos um bom giro para alguns produtos, mas, quando fomos repor, eles tinham acabado nos fornecedores”, explica. A intenção é verificar o desempenho de vendas desses itens e ir aumentando a compra diante da procura. “Queremos ajustar nossos indicadores de estoque sem penalizar muito o capital de giro”, reforça.

Na Drogaria Planalto, em Montes Claros, no Norte de Minas, Bruno Guedes ainda busca o equilíbrio na hora de fazer as compras. Como grande parte de sua experiência é na área da farmácia, faltam a ele conhecimentos de gestão. O impacto é sentido no grande volume de compras, que ele tenta aos poucos vender aos clientes. “Peguei a loja com R$ 20 mil em estoque e hoje ela já tem R$ 70 mil. Meus maiores gastos foram com as mercadorias”, lembra.
O mesmo ocorre com Raphael Oliveira, da Retorno Cofecções, também em Montes Claros. Focado em priorizar os estoques, ele investe todos os ganhos da loja em novas mercadorias. “Mesmo com o receio de ser o primeiro Natal, o que couber na loja, estou colocando. Não posso deixar de acreditar”, afirma.

Na contramão dos negócios no Norte de Minas, estão as sócias da Empório Colonial, Miralvina Melgaço, Adriana Melgaço e Fabiana Felipe. Como elas ainda estão dando os últimos retoques antes da inauguração da loja, que deve ocorrer em meados do mês, elas não pensam em injetar grande parte do capital no estoque. “Vamos fazer tudo com calma porque primeiro temos de abrir as portas, sentir o que nosso público quer e ver o giro do estoque”, lembra Fabiana.

SEM EXCESSOS

Para a presidente do conselho de comércio e serviços e vice-presidente da Associação Comercial e Empresarial de Minas Gerais (ACMinas), Cláudia Volpini, a regra geral é trabalhar com um estoque enxuto. “Na dúvida, a dica é não sobrecarregar os estoques para não haver perdas”, aconselha. Cláudia lembra ainda que o novo empresário deve tomar cuidado com a rotatividade do estoque.

“Quem trabalha com produto perecível deve ter um cuidado maior, que deve ser estendido para os outros empreendedores para que não percam o produto e o dinheiro”, considera. Cláudia ainda lembra que o negócio deve ser visto como um organismo vivo, nos quais todos os setores são órgãos vitais. “É preciso entender essa ligação para conseguir gerir e ter um estoque que corresponda à realidade do local, do público e da própria loja”, avalia.

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