Pequenas e médias sofrem mais com queda do mercado

Publicado em
19 de Junho de 2012
compartilhe em:

A má fase vivida pelo setor de caminhões, que já amarga uma queda de 30% das vendas no País, já bateu às portas do segmento de implementos rodoviários. Os fabricantes de carrocerias, reboques e semirreboques já registram uma redução de 12% na comercialização no acumulado entre janeiro a maio deste ano, conforme dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Implementos Rodoviários (Anfir). Para sobreviver nesta época de vacas magras, os pequenos e médios fabricantes precisarão de muito controle e organização.

Esta é a opinião do recém-empossado presidente da entidade, Alcides Braga. "Se a empresa trabalhar dentro da legalidade, com o mínimo de governança corporativa, vai sobreviver a este delicado momento", afirmou Braga, em entrevista ao DCI.

No primeiro trimestre, devido à mudança de legislação, as montadoras foram obrigadas a produzir veículos Euro 5 (que custam de 10% a 20% a mais). "Temos uma relação direta com os caminhões. O que ocorreu com eles também está acontecendo conosco", afirma o presidente da Anfir.

A Galego, fabricante de implementos rodoviários de médio porte do interior de São Paulo, reduziu em 40% sua capacidade produtiva desde o início do ano devido à forte retração do mercado. "Estamos nos adequando à demanda do setor. Diminuímos nossos custos fixos e de produção e concedemos férias coletivas para nos ajustar à realidade do mercado", afirma o gerente da Galego, Carlos Cortez.

Outra média empresa do setor que sofre com a queda do mercado é a Tecar, da Grande São Paulo. Segundo o gerente-comercial Guilherme Saboia, o começo do ano foi muito ruim. "Principalmente nos dois primeiros meses de 2012, registramos uma grande retração da carteira de pedidos", diz o executivo. Ele afirma que a empresa reduziu desde então sua capacidade produtiva em cerca de 10%. "Vamos trabalhar da maneira mais enxuta possível neste ano", ressalta Saboia.

Quase 90% das fabricantes de implementos rodoviários são pequenas e médias e respondem por pouco mais de um terço do faturamento do setor, que em 2011 foi de R$ 9,6 bilhões. "Essas empresas geram mais empregos por produto, por conta de menos tecnologia embarcada", diz Braga. Porém, são essas companhias que suprem necessidades que as grandes não conseguem atender. "A demanda dessas empresas está encaixada naquilo que as grandes não podem fazer, pois suas linhas de produção perseguem padronização e repetibilidade [sic], ao contrário das pequenas e médias, que focam em customização", ressalta Braga.

Instabilidade do PSI
Segundo o presidente da Anfir, o principal fator que contribuiu para a queda expressiva do mercado, este ano, é a instabilidade do Programa de Sustentação do Investimento (PSI), que desde abril até 31 de agosto terá juros mais baixos (5,5% ao ano) e financiamento mais amplo (120 meses). "Historicamente, essas condições de crédito são as melhores que já tivemos. Porém, o PSI chegou muito tarde e já tem prazo para terminar, o que não dá tempo para que a indústria se prepare para receber os pedidos", destaca Braga.

Para o gerente da Tecar, o segundo semestre deve ser melhor que o primeiro. "Porém, nada muito expressivo", diz Saboia. Já para o executivo da Galego, o futuro é incerto. "Nossa previsão para o ano de 2012 era de crescimento em relação ao ano passado, mas agora temos de esperar para ver como as coisas vão ficar", diz Cortez.

Boletim Informativo Guia do TRC
Dicas, novidades e guias de transporte direto em sua caixa de entrada.