Pedágio mais caro e polêmico de MT

Publicado em
26 de Janeiro de 2013
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A cobrança de pedágio na MT-130, trecho entre as cidades de Rondonópolis e Primavera do Leste, Sul de Mato Grosso, desde outubro de 2012, vem causando polêmica. Recentemente o governador Silval Barbosa (PMDB) vetou em sua totalidade projeto de lei aprovado pela Assembleia Legislativa do Estado para a isenção da cobrança de pedágio aos veículos utilizados por pessoas que moram a até 30 quilômetros da praça de pedágio. Com o valor de R$ 6,50 nos dois sentidos da rodovia, os moradores da região chegam a desembolsar mais de um salário mínimo por mês somente com os pagamentos das tarifas, principalmente os pequenos agricultores que realizam entregas nas cidades vizinhas. Enquanto isso, a concessionária chega a arrecadar mais de R$400 mil mensais com o pedágio.

De acordo com o Diário Oficial do dia 28 de julho de 2011, a efetivação do contrato bilionário assinado entre o Governo do Estado e a empresa Morro da Mesa Concessionária de Rodovias S.A (nº 001/2011/Setepu) aconteceu no dia 15 de julho de 2011. A previsão de arrecadação é de mais de R$1,5 bilhão, e o valor de contrapartida é de cerca de R$113 milhões. A vigência do contrato é de 28 anos.

Segundo o deputado estadual Sebastião Rezende (PR), autor do projeto em parceria com o deputado estadual Hermínio J. Barreto (PR), a proposta de isenção tem como base o relato destes moradores. “Nós fomos procurados principalmente pelos produtores de leite da região, que só no primeiro mês de cobrança do pedágio desembolsaram cerca de R$700,00; para um trabalhador que tem uma renda de R$1.500,00, a tarifa é inacessível”, relatou.

Ainda segundo o deputado, este tipo de isenção é totalmente acessível, já que em outros estados é praticada há muitos anos sem grandes prejuízos para as administradoras das estradas. “Eu não sou contra a cobrança de pedágio, mas temos que analisar a nossa realidade aqui no estado e garantir uma boa condição para a população local. Agora o próximo passo é tentar reverter o veto do governador em favor dos moradores”.

Para a vendedora de pequi Edna Glória dos Santos, moradora da região conhecida como Coité, a instalação do pedágio dificultou ainda mais a situação das famílias da localidade, principalmente das que dependem de muitos serviços, especialmente de saúde, disponíveis nas cidades vizinhas de Primavera do Leste e Rondonópolis.

“Outro dia meu neto ficou doente e eu tive que levá-lo a Rondonópolis pra fazer alguns exames. Tive que pagar pelo pedágio. Pra mim que já ganho pouco com as vendas de pequi este valor ficou pesado”, contou a vendedora que também disse que vários vizinhos estão pensando em deixar a região, especialmente os que trabalham em Primavera e acabam deixando boa parte do seu salário para a concessionária.

Além dos moradores, a maioria dos motoristas abordados durante a realização desta reportagem relatou insatisfação com a cobrança do pedágio, como o motorista Raimundo Rocha Donato que faz transporte de areia e pedra de Rondonópolis a Campo Verde duas vezes ao dia. Ele paga R$19,50 toda vez que passa no pedágio. Isso significa uma despesa de R$78,00 por dia. “A estrada até que melhorou depois do pedágio, mas o valor que eles cobram está muito alto, bem acima do justo”, declarou o motorista.

Já o produtor rural Luiz Carlos Viana se diz indignado com a cobrança. “Eu acho totalmente ridículo porque eles passaram uma maquiagem na estrada e saíram cobrando um absurdo pelo pedágio. Eu tenho que ir à cidade todos os dias realizar pagamentos e mexer com a documentação da fazenda e tenho que pagar. É muita cara de pau”, desabafou.

Outro grande problema relatado pelo motorista de ônibus Dione de Souza Cadidê, que transita por esta estrada todos os dias há mais de um ano, é a falta de acostamento na pista. “Quando a empresa assumiu esta rota aqui, nós ficamos até esperançosos achando que a estrada iria melhorar, mas até agora a situação não mudou muito, eles só recaparam alguns trechos da estrada e nem notícia do início da construção da terceira faixa como eles prometeram na época”, relatou.

Além desses problemas relatados, algumas imperfeições na pista colocam em risco o trânsito na estrada, como remendos, alguns buracos e mato alto próximo a curvas e placas de sinalização.

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