Enquanto nos EUA os sistemas eletrônicos de cobrança de pedágio dão descontos as vezes de até 50% para quem usa a rodovia com mais frequência, no Brasil os usuários não tem nenhum desconto e ainda pagam taxas mensais de administração, uma espécie de pedágio do pedágio.
O Estradas.com.br fez um levantamento sobre as diferenças nos EUA e no Brasil. O mais conhecido no mercado americano é o E-ZPass, disponível em 16 estados na costa leste dos Estados Unidos, é um sistema de cobrança de pedágio eletrônico que cobra o pedágio escaneando um pequeno dispositivo (tag) colocado no vidro do carro, sem a necessidade de parar o veículo e procurar um trocado na carteira. Nada diferente do sistema brasileiro. Hoje, há cerca de 30 milhões de dispositivos E-ZPass em circulação. Esse sistema, além de mais eficiente, também é mais barato do que o pedágio comum, mas só nos EUA.
Para tornar-se membro do E-ZPass, basta inscrever-se online e disponibilizar um cartão de crédito ou conta-corrente para debitarem o pedágio. O E-ZPass oferece diferentes planos, cada um com variados descontos que podem chegar a 30% do valor da tarifa, dependendo da frequência que o motorista viaja e do veículo. Um de seus planos mais comuns é o “Basic Plan” (plano básico), para pessoas que viajam ocasionalmente em feriados e durante as férias, por exemplo.
Um exemplo da diferença de cobrança do pedágio através desse sistema é o percurso entre Nova York e a capital americana Washington DC. O total gasto com pedágio pagando em dinheiro é de US$25.30, aproximadamente R$ 84,00 para 370km. Entretanto, usando o E-ZPass o custo reduz para US $20.85 equivalente a R$ 69.00. Portanto, redução de praticamente 20%.
Na Flórida existe o Sun Pass, com sistema de funcionamento semelhante ao E-ZPass. Uma viagem entre Miami e Orlando, que muitos brasileiros fazem todos os anos, dura menos de 4h devido a excelente condição da rodovia, apesar da distância de 380 km. Custa cerca de US$ 16,00 com o pedágio eletrônico e US$ 20,00 para quem paga em dinheiro, portanto 20% de desconto para quem adere ao sistema de pagamento eletrônico. O sistema tem ainda promoções que podem chegar a 50% em determinados casos e são anunciadas no site
No Brasil, há serviços semelhantes ao E-ZPass e Sun Pass, como o Sem Parar e Auto Expresso. A diferença é que para se inscrever, precisa pagar uma taxa de adesão (dependendo da frequência que se viaja) e mensalidade. Usando o plano clássico do Sem Parar, para viajar pela Dutra entre o São Paulo e Rio de Janeiro, paga-se os R$ 54,30 de pedágio além de uma taxa de adesão de R$92,03 (as vezes tem desconto promocional) e mensalidade de R$16,41 (R$18,31 para caminhões e ônibus). Já com o plano Auto Expresso Total, paga-se R$60,00 como taxa de adesão e R$13,90 de mensalidade. Mas em ambos os casos não existe nenhum desconto para o usuário regular.
Portanto, quem usa o sistema eletrônico no Brasil paga mais pelo pedágio do que os que pagam em dinheiro. A concessionária é beneficiada com a redução de funcionários, garantia de pagamento, agilidade no atendimento. Os mesmos benefícios que as operadoras americanas tem e por isso oferecem desconto. A única vantagem do consumidor brasileiro é não enfrentar filas no pedágio.
No Brasil as concessionárias ainda são autorizadas, ou pelos menos é tolerado pelos órgãos responsáveis por várias concessões que funcionários das concessionárias abordem motoristas na praça de pedágio para vender seus planos. Na Dutra costumam deixar uns cones a frente e pedem para o motorista parar no meio da pista. É o camelô da concessionária, correndo risco de vida e de provocar um acidente.
Na prática o Brasil não precisa apenas melhorar as estradas e o sistema de concessões, mas é fundamental que o consumidor e os órgãos que deveriam defendê-lo saibam que a concessionária não está oferecendo nenhum grande negócio com o pedágio eletrônico. Ela está na prática cobrando mais caro e reduzindo seus custos.
Texto e foto: Carolina Rizzotto especial para o Estradas.com.br