Pecuaristas querem subsídio federal para frete do milho

Publicado em
20 de Setembro de 2012
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A agroindústria de Santa Catarina, acompanhada do governo estadual, pede à União que subsidie o fretamento privado de milho de estoques públicos, a fim de suprir demanda de 200 mil toneladas do cereal até janeiro de 2013.

Hoje, a disponibilidade de milho para a venda-balcão no estado é de 58 mil toneladas. Responsável pela distribuição do cereal, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) enfrenta a falta de caminhões.

Portanto, os frigoríficos de Santa Catarina estão dispostos a assumir o transporte de três milhões de toneladas do Centro-oeste, em troca da isenção de R$ 300 milhões (R$ 5 por saca) na tributação de PIS e Cofins.

“Que o governo federal subsidie o frete privado de compras da agroindústria”, enfatizou o secretário-adjunto da Agricultura e da Pesca catarinense, Ayrton Spier.

Ele esteve ontem na Secretaria de Relações Institucionais (SRI), com a também catarinense Ideli Salvatti, que chefia a pasta, para reforçar o pedido ao governo federal.

“Essas medidas dependem da aprovação da área econômica. A ministra se comprometeu a defendê-las junto ao Mapa [Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento]”, relatou Spier.

O secretário de Política Agrícola do Mapa informou, por meio de nota, no fim doa dia, que o governo não possui instrumentos legais para conceder subsídio ao frete privado.

“Esta medida depende de lei específica e operacionalmente não é factível. Estamos priorizando o frete público que beneficia os médios e pequenos produtores”, declarou Rocha.

O movimento sucede a negativa do Exército Brasileiro, que havia sido requerido para auxiliar na distribuição de reservas federais de milho.

Questinado sobre a atuação do governo estadual na administração da atual crise da suíno e avicultura, o secretário da Agricultura e da Pesca de Santa Catarina, João Rodrigues, respondeu que “o estado não tem como bancar o frete”.

Do outro lado do País, o governo da Bahia já gastou mais de meio milhão de reais com fretamentos emergenciais para transportar milho do Mato Grosso ao nordeste.

A situação é grave para suinocultores como Francisco Canossa, cuja produção é integrada à Marfrig em Seara (SC). O pecuarista acumula dívidas de R$ 700 mil, contraídas para acompanhar a disparada dos custos.

“Estou tentando manter o meu plantel, vou tocar até quando der, mas já penso em largar [a suinocultura]. Mas como, com essa dívida?”, pergunta-se.

Dono de 600 matrizes, Canossa cortou 25% da ração dada aos animais, 15% dos medicamentos e demitiu metade dos funcionários, de quatro para dois. “A maioria do pessoal da região está passando por isso.”

Representante dos interesses do suinocultor, Rodrigues acredita que “[a falta e o preço de] o milho preocupa, mas é uma questão temporária”. Para o secretário, a medida que precisa ser tomada com mais urgência é a ampliação da oferta de crédito.

No Rio Grande do Sul, a situação não difere da catarinense. Os gaúchos contam com 30 mil toneladas já estocadas de milho para a venda-balcão e aguardam a entrega, que deve acontecer na semana que vem, de mais 30 mil.

“Já deviam estar aqui há um mês”, disse o presidente da Associação dos Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (ACSURS), Valdecir Folador. “Para chegarmos à janeiro, precisaremos de mais cem mil toneladas”, frisou.

Segundo ele, para abastecer seus planteis, produtores da região de Santa Rosa estão sendo obrigados a percorrer mais de 400 quilômetros. “Faltou milho em algumas praças do estado, e o produtor teve de ir longe para buscá-lo”, contou.

A ausência de ações pontuais do governo estadual se repete, como em Santa Catarina, no Rio Grande do Sul, de acordo com Folador. “O estado não fez concessão nenhuma. Apenas fez pressão política. É um problema federal”, disse ele.

Em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, 5% dos suinocultores já abandonaram, neste ano, a atividade por conta da elevação de custos — sem compensação de preço final.

Postura baiana

Polo de ovino e caprinocultura, a Bahia consome cerca de 30 mil toneladas de milho por mês, mas nem 5% deste volume têm chegado ao estado. O governo baiano, portanto, está contratando frotas privadas para buscar os estoques públicos, concentrados no Mato Grosso, e já gastou R$ 750 mil.

O secretário de Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária da Bahia, Eduardo Salles, pede que o governo federal descentralize os estoques públicos.

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