Para fugir da crise, pequenas e médias empresas alemãs procuram o Brasil

Publicado em
25 de Novembro de 2010
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O Brasil que ingressa em 2011 vive um momento mágico: pequenas e médias empresas estrangeiras estão dispostas a investir em máquinas e contratar pessoal. Mas se as condições macroeconômicas postas neste fim de 2010 não mudarem, esse otimismo terá data para acabar - dezembro de 2011. "O Brasil vive um período incrível, atraindo a atenção de empresários alemães para cá. Mas se o câmbio continuar excessivamente valorizado e os juros neste patamar elevado, tudo isso pode desmontar até o fim do ano que vem", diz Weber Porto, presidente da Câmara Brasil-Alemanha e da Evonik, fabricante de produtos químicos alemã instalada no Brasil. Para empresários alemães de grandes companhias, o país vive hoje a fase de interesse e consequente instalação de pequenas e médias empresas, mas, ao mesmo tempo, está na iminência de uma "desindustrialização precoce".

Entre setembro e o início deste mês, a Câmara Brasil-Alemanha promoveu uma pesquisa com mais de mil empresas alemãs com operações no país. O equivalente a 91,6% das empresas caracterizaram o atual estágio da economia brasileira - que avança para um crescimento superior a 7,5% pela primeira vez em 24 anos - como "favorável" ou "extremamente favorável". Mais que isso: 95% deles avaliam que o ambiente de negócios continuará nesse ritmo otimista pelos próximos seis meses.


Além disso, o equivalente a 70,6% das companhias afirmaram que aumentarão os investimentos no ano que vem, sendo que mais da metade, 54,8%, referem-se a investimentos entre R$ 1 milhão e R$ 10 milhões. "Falamos de empresas pequenas e médias, que vêm chegando com força no país, um movimento que deve continuar em 2011", diz Julio Muñoz-Kampff, presidente da Henkel, dona das marcas Pritt e Loctite.

Segundo dados da Câmara, o número de solicitações de informações sobre o mercado brasileiro, efetuadas por empresários alemães, oscilava em torno de 6 a 7 mil por ano, tendo os pouco mais de 7 mil de 2008 como recorde. "Até a semana passada, no entanto, já tivemos mais de dez mil solicitações, número que deve atingir quase 12 mil até o fim do ano", diz Porto, "e a maior parte vêm de pequenos empresários, que estão muito entusiasmados com o momento da economia brasileira".

O otimismo do empresariado alemão, no entanto, pode "desabar", segundo Ingo Plöger, diretor das relações bilaterais da Câmara e ex-integrante do Ministério do Desenvolvimento, diante do alto custo da mão de obra e da questão do câmbio, que Plöger caracterizou como "dramática". Enquanto a mão de obra representou, no ano, a maior dificuldade para as indústrias, o câmbio "atinge a todos".

Segundo a pesquisa, apresentada ontem durante evento na sede da Câmara em São Paulo, as companhias alemãs consideram prioritário, para o novo governo, a redução dos juros e o combate à valorização cambial, como forma de tornar a exportação de bens industriais mais competitiva.

O déficit comercial do Brasil com a Alemanha, que foi de US$ 1,1 bilhão entre 2003 e 2006, deve fechar este ano em US$ 4,2 bilhões. "Nem bem o país se industrializou e já estamos, precocemente, destruindo isso", diz Plöger. Na pesquisa, 56,4% dos empresários defenderam uma desvalorização de 15% a 20% do real .

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