Para evitar caminhão vazio, empresas ampliam compartilhamento de carga

Publicado em
30 de Novembro de 2016
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A estratégia de transportar cargas de outras empresas para evitar que caminhões transitem vazios tem ganhado força, segundo companhias que adotam a iniciativa.
 
"Houve uma intensificação, de 2015 para cá, com a busca por alternativas em meio à retração econômica", afirma Ricardo Gelain, diretor da JBS Transportadora.
 
A estimativa é aumentar de 10% a 15% o número de clientes e de rotas compartilhadas nos próximos anos, diz o executivo. O frigorífico adotou a estratégia em 2012 e conta hoje com dez parceiros.
 
O acordo entre as partes se assemelha a uma operação comercial padrão, com a exceção de que a companhia que controla a frota tem prioridade nas entregas.
 
"Levamos produtos para grandes centros consumidores, e nossa produção se concentra no Norte e Centro-Oeste. Como nossos parceiros precisam fazer o caminho contrário, a ideia faz sentido para os dois lados."
 
Empresas que oferecem a solução de transporte compartilhado não raro contratam o mesmo serviço de terceiros. É a relação existente entre JBS e Ambev, por exemplo.
 
"É um 'ganha-ganha'. A partir desse programa conseguimos ter e oferecer frotas para trechos específicos", diz Pablo Vieira, diretor de logística da Ambev.
 
A empresa também adota a iniciativa desde 2012 e possui hoje 20 clientes. "A curva de adesão ao compartilhamento de frota é crescente e continuaremos abertos para expandi-lo", afirma Vieira.
 
Como funciona compartilhamento de frota
 
1) Caminhões controlados pela empresa A saem da central de distribuição e realizam a entrega
 
2) Para não retornarem vazios, são carregados com produtos da companhia B, que contrata e paga normalmente pelo serviço
 
3) Mercadoria da empresa B é entregue em alguma região localizada no caminho de volta
 
 
Demanda pequenina
 
Transportadoras menores aderiram à tendência de investir em soluções para reduzir gastos com rotas e combustível durante períodos de crise, segundo as fornecedoras de tecnologia.
 
O movimento, natural entre companhias de grande porte, passou a ocorrer com maior frequência entre pequenas e médias, afirmam.
 
"Por serem mais ágeis, as menores sentem o impacto dessas aplicações mais rapidamente", diz Cristina Palmaka, presidente da SAP Brasil.
 
O maior interesse desse público-alvo contribuiu para um aumento de 25% a 30% na demanda por soluções logísticas, aponta a Totvs.
 
A tendência é confirmada pela Maplink, que, após comprar a francesa Optilogistic, em outubro, terá como um dos seus focos atender empresas com até 15 veículos.
 
 
Armazém gringo
 
A gestora brasileira de recursos TRX finalizou a compra de dois terrenos próximos a Miami para construir galpões industriais logísticos.
 
Os projetos deverão ser concluídos entre o fim de 2017 e o início de 2018, segundo a empresa. O investimento total será de US$ 60 milhões (cerca de R$ 205,4 bilhões).
 
O valor foi captado com fundos de investimento oferecidos pelo grupo.
 
Diferentemente do mercado brasileiro, em que a atual taxa de vacância é superior a 20%, no sul da Flórida esse índice é menor que 4%, afirma Scott Pryce, diretor-executivo da TRX Investments.
 
"Os Estados Unidos têm mais capital e um menor número de projetos disponíveis que no mercado brasileiro."
 
Os galpões serão os primeiros do grupo nos EUA. No Brasil, pelo menos 50 empreendimentos já foram construídos, segundo a empresa.
 
Poço sem fundo
 
O varejo deverá fechar este ano com uma queda de 6,6%, segundo projeção da ACSP (Associação Comercial de São Paulo). É um tombo pior que o do ano passado, que foi de 4,3% em relação a 2014.
 
"O índice de confiança do consumidor coloca o número para baixo. Havia melhorado, mas teve novas reduções", diz Marcel Solimeo, economista da entidade.
 
Na simulação da entidade, o varejo deverá seguir em retração no ano que vem.

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