Ouro Verde decide abrir o capital

Publicado em
16 de Julho de 2013
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Oferta inicial da Ouro Verde poderá movimentar entre US$ 300 milhões e US$ 500 milhões

A locadora de veículos e equipamentos paranaense Ouro Verde vai captar recursos em bolsa por meio de uma oferta pública inicial primária e secundária de ações. O cronograma da operação e os preços dos ativos ainda vão ser definidos.

O Valor apurou com uma fonte próxima à operação que a oferta inicial da Ouro Verde poderá movimentar entre US$ 300 milhões e US$ 500 milhões. De acordo com esse interlocutor, a empresa decidiu se preparar para captar assim que aparecer uma janela de oportunidade na bolsa.

O Itaú BBA será o principal coordenador da oferta. Também participam da operação os bancos Credit Suisse, Santander e HSBC. Procurada, a Ouro Verde não comentou o assunto alegando encontrar-se em "período de silêncio".

Segundo o prospecto do pedido de registro de companhia aberta enviado ontem à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), 77% dos recursos da operação vão financiar o crescimento orgânico do grupo e 23% serão utilizados como capital de giro.

O acionista vendedor no âmbito da oferta secundária será Celso Antônio Frare, fundador da Ouro Verde, que vai aplicar R$ 144,7 milhões captados para aumentar o capital da Novo Oriente, controladora da locadora de veículos e máquinas.

O capital social da empresa atualmente é composto da Novo Oriente, com 62,78% das ações, e o próprio Frare, com 37,22%. Mas 99,48% da controladora também pertencem a Frare. Outros 0,26% são de Raul Queiroz Frare, com mais 0,26% pertencentes a Vicente Frare Neto.

Segundo o documento enviado ontem à CVM, a receita líquida da Ouro Verde atingiu R$ 289,3 milhões no primeiro semestre deste ano. O lucro líquido foi de R$ 37,2 milhões no mesmo período. A dívida bruta da companhia encerrou o mês de junho em R$ 1,3 bilhão, sendo desse total uma fatia de R$ 386,8 milhões que vencem no curto prazo e outros R$ 926,2 milhões que estão registrados no longo prazo.

A Ouro Verde contabilizou no último dia do primeiro semestre um total de R$ 214,8 milhões em caixa e outros R$ 77 milhões em aplicações financeiras.
O maior negócio da companhia originada em Ponta Grossa (PR) é o aluguel de equipamentos e máquinas pesadas para os setores de mineração, construção civil, agronegócio e infraestrutura em geral. O segmento respondeu por 68% do faturamento nos seis primeiros meses de 2013. A terceirização de frotas de veículos leves ficou com os 32% restantes da receita.

De acordo com o prospecto, o que diferencia a Ouro Verde das três principais concorrentes nesse segmento na BM&FBovespa - Mills Engenharia, Locamérica e Localiza - é a "previsibilidade de geração de receitas". A companhia explica que seus contratos são de longo prazo, de três a sete anos, o que ajuda a tentar estimar o faturamento do grupo ao longo do tempo.

A decisão da Ouro Verde responde a uma decisão tomada há meia década, quando o executivo Karlis Kruklis, ex-vice- presidente de finanças da GVT, assumiu o comando, a convite do fundador, Celso Frare. Para analistas, a abertura de capital da Ouro Verde pode intensificar a disputa em segmentos como o de frota de veículos. "A concorrência agressiva em preços é um desafio para a líder Localiza", disse o analista do Banco do Brasil Investimentos (BB Investimentos), Mario Bernardes Jr, que cita a empresa do Paraná como uma das que mais têm pressionado margens nesse setor.

Para o analista do BB Investimentos, caso a Ouro Verde opte por utilizar parte dos recursos para fortalecer a atuação na fatia de locação de veículos, haverá aumento da concorrência com a Localiza. "Caso realmente haja acirramento entre os ’players’, poderia impactar também as margens da Localiza, mas ainda é muito cedo para avaliar e dizer o quanto", afirmou Bernardes Jr.

No relatório sobre prévia de resultado trimestral da Localiza, a equipe de analistas do Bradesco também ressalta a concorrência no segmento de locação. "Vemos uma competição mais dura no segmento de frota, com Ouro Verde, Unidas e Locamerica trabalhando com descontos agressivos", aponta o banco.

Mas o analista do Brasdesco, Luiz Peçanha pondera que, ao se capitalizar, a Ouro Verde tende a assumir uma gestão mais equilibrada, evitando comprometer-se com contratos não rentáveis. "Por isso não vejo grande mudança no ambiente competitivo no curto prazo".

Essa opinião é compartilhada pelo analista da consultoria Empiricus, Felipe Miranda, que projeta uma gestão mais conservadora da companhia. "A empresa é cobrada para manter geração de caixa e taxa de retorno compatíveis com o mercado. Se a estratégia for muito agressiva, o papel pode vir a ser penalizado", diz.

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