Opinião: O efeito secundário da crise econômica sobre as Transportadoras e os Operadores Logísticos*

Publicado em
05 de Agosto de 2015
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A situação econômica e política do país produz efeitos devastadores sobre as empresas, que estampam as manchetes das principais revistas, jornais e websites por todo o Brasil.

Até então “intocável”, a questão da queda do nível de emprego se transformou na grande preocupação das empresas, pessoas e sindicatos. Outros indicadores macroeconômicos vinham se deteriorando ao longo dos último anos, mas o nível de emprego parecia estar “blindado” do problemas que pressionavam variáveis como câmbio, PIB, nível de endividamento das famílias, balança comercial, etc.

A queda na atividade econômica, desta vez muito mais abrupta, afetou o humor e a percepção dos empresários, e não restou alternativa, a não ser promover o enxugamento dos custos e das despesas.

Esse é o principal efeito da crise econômica sobre as empresas: a redução nas vendas. No mercado de prestação de serviços em logística e transportes, a grande maioria das empresas experimentou uma queda significativa, que em alguns casos chegou a 30%, quando comparamos janeiro, fevereiro e março deste ano com o mesmo período do ano passado.

Este, porém, não é o pior efeito da crise econômica. Cedo ou tarde, os volumes serão retomados. O maior problema está no “estrago” que é causado no mercado, empurrando as empresas cada vez mais para baixo!

Explico melhor a seguir.

Muitos Embarcadores, receosos da situação atual e futura, estão pressionando seus parceiros logísticos, com o intuito de obter alguma redução de custo. Aumento ou correção de tarifas? Nem pensar, pelo menos neste momento. Diante do cenário que vivemos, Transportadoras e Operadores Logísticos estão sendo pressionados a reduzir valores. Se você não fizer, seu concorrente fará. E é aí que está o maior efeito da crise: novos patamares de preços serão estabelecidos, aquém da realidade anterior, que já apresentava defasagens significativas!

Ou seja, novos preços serão negociados no mercado, e se você não acompanhá-los, ficará fora dele, seja perdendo Clientes atuais, seja encontranto dificuldades para obter novos Clientes.

Isso é realmente preocupante, pois embora os preços retornem a níveis de 2 ou 3 anos atrás, os custos são atuais, e não param de subir! Sua operação está mais cara, mas seus preços mais baixos. Resultado: perda acentuada de rentabilidade!

Há solução para isso? Sim, existem vários caminhos, todos eles difíceis e talvez demorados. Mas, não há o que fazer, precisamos começar a trilhá-los.

A primeira saída para esse momento, é procurar Clientes posicionados acima, onde você ou sua empresa não tenham ainda acessado, por questões de nível de serviço, apólices de seguro, saúde financeira, capacidade de investimentos ou qualquer outra restrição.Nesse nível, mesmo entrando com preço inferior ao do atual provedor, você provavelmente ainda ganhará dinheiro. Se a sua empresa já ocupa essa posição de destaque, e atua junto aos melhores pagadores do mercado, então ela será alvo fácil de todos os demais. Isso é preocupante!

A segunda saída, vale para todas as Transportadoras e Operadores Logísticos. Identifique nichos de mercado, setores com barreiras altamente consistentes, que exija alto nível de especialização. São vários os exemplos de empresas que atua nesses mercados restritos e que se encontram mais protegidos da ação da concorrência. É o caso da Martin Brower no food service, da Brinks no segmento de telecomunicações e saúde humana, e o da AGV Logística no setor de saúde animal. Mérito deles, claro!

Outra possibilidade envolve o ganho de escala. Ou seja, mesmo ganhando pouco, ao multiplicarmos o volume conseguimos uma rentabilidade razoável. Portanto, antes de negociar algo para baixo, proponha uma contrapartida, requerendo, por exemplo, novas rotas.

Você também pode optar por abrir mão do cliente e realizar os ajustes internos necessários, para adequar seus custos e despesas ao novo patamar de faturamento. Pode funcionar, claro, mas também é complexo.

Ou seja, o que vem pela frente não será fácil. Exigirá muito da sua empresa e da sua equipe.

Mexa-se. Só não fique parado!

Sucesso! Bom trabalho!

*Por Debora Lima, Diretora da Net Logística Ltda

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