A atividade de Gerenciamento de Riscos teve seu início há mais de 20 anos. De lá pra cá sua evolução foi significativa. A dificuldade de comunicação nas estradas e as escoltas veladas deram lugar ao cadastro de motoristas e controle de percursos. Na sequência surgiram os primeiros rastreadores, ainda com as suas limitações, e alguns projetos de controles logísticos.
Atualmente falamos de integrações entre tecnologias, dispositivos sem fio e equipamentos que “conversam” entre si. A logística caminha lado a lado com a segurança, por meio de disponibilidade de informações e controles em tempo real.
Felizmente esta evolução continua a passos largos e não deve parar tão cedo. Possivelmente, no intervalo de tempo em que escrevi este artigo e ele foi publicado, uma nova solução já foi apresentada ao mercado.
Por outro lado, encontramos uma estagnação e em determinadas vezes até um retrocesso no desenvolvimento de PROJETOS de Gerenciamento de Riscos. Sim, eu sei que juntamente com a evolução citada acima surgiu também a necessidade de respostas mais rápidas, cobranças por informações e análises no mais curto prazo possível, além da acirrada competitividade diária do mundo dos negócios.
Porém, não podemos tratar o GR como um tema estático, onde uma mesma solução pode ser aplicada em diversos clientes de características diferentes. Um mínimo de conhecimento deve ser obtido. Como funciona a operação? Quais os tipos de mercadorias transportadas? Quais as regiões de atuação? São questionamentos básicos para qualquer desenho a ser feito.
Vejo até com uma certa frequência a indicação de condições de GR sem ao menos se ter conhecimento dos detalhes relativos aos sinistros. Como eu posso receitar um remédio se eu não sei qual é a doença???
Infelizmente, também presencio manifestações ponderando a eficácia do gerenciamento de riscos, argumentando ser um custo muito alto para um resultado pouco efetivo. Não quero aqui dizer que tenho a solução para o roubo de cargas no Brasil e a eliminação dos acidentes nas estradas. Mas afirmo que boa parte destas ponderações são oriundas de situações onde o GR não foi empregado corretamente.
Se gasta muito com o GR porque se gasta errado. O GR não surte resultado porque os procedimentos estão errados, porque as ferramentas mais adequadas para aquela operação específica não foram aplicadas da maneira correta.
Poderá ser ineficaz um controle de rotas se um veículo iniciar sua viagem sem uma verificação prévia de um pneu careca. Uma isca inserida sem o devido sigilo não terá resultado caso precise ser acionada.
*Fernando Pacheco é diretor executivo da Consultoria Pacheco, oficial da reserva do Exército Brasileiro, formado em Direito e Logística.