Operador crê que falha em guindaste causou acidente que matou operário

Publicado em
28 de Agosto de 2014
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Funcionário diz ainda que todos procedimentos de segurança foram tomados. Polícia espera laudo para concluir sobre as causas de acidente, na GO-020.

Do G1 GO, com informações da TV Anhanguera

 
Corpo de operário morto em obra na GO-020 continua preso em ferragens, em Goiânia, Goiás (Foto: Alexandre Cirqueira/TV Anhanguera)Guindastes cairam durante construção de ponte na
GO-020 (Foto: Alexandre Cirqueira/TV Anhanguera)

O operador de guindaste Valter Luciano Ferreira acredita que uma falha provocou a queda de duas máquinas nas obras da GO-020, entre Goiânia e Bela Vista de Goiás, que o deixou ferido e matou outro funcionário. O homem prestou depoimento à Polícia Civil na quarta-feira (27). “Eu acredito que deu algum problema na máquina na hora. Eu acredito que pode ser [falha] hidráulica”, disse o operário, que afirma nunca ter tido problemas como esse em oito anos de trabalho.

O acidente aconteceu na manhã do último dia 21. Além de Valter, que fraturou um braço, o operário Isaías do Espírito Santo, 41 anos, morreu após a queda de dois guindastes.

De acordo com Valter, todos os procedimentos de segurança foram tomados, desde a verificação das condições dos equipamentos até a preparação do terreno para a realização da obra. “A última manutenção foi uma semana antes do acidente. Também fizeram um trabalho de terraplanagem antes, tanto que não teve afundamento no local, estava tudo certo”, afirma.

O operador conta que abandonou a cabine do veículo ao ver a lança do guindaste de Isaías cair. “Quando todo mundo começou a gritar, eu abri minha cabine e olhei para ele. Só vi a lança dele caindo. Eu já saí da minha máquina, decidi pular e fui arremessado para cima. Eu nunca vi isso acontecer em um guindaste”, lembra o funcionário.

Sobre o peso da viga que tentava levantar, Valter afirma que respeitavam os limites de cada equipamento. Segundo o operador, seu guindaste tinha capacidade para içar até 80 toneladas, enquanto o de Isaías, 75 toneladas. No momento da queda, ele afirma que içava uma estrutura de 28 toneladas. Já a Agência Goiana de Transportes e Obras (Agetop) informou que cada coluna da ponte pesa aproximadamente 33 toneladas.

A polícia ainda espera pelo laudo da perícia que foi feita no local do acidente. Até o momento, cinco pessoas já foram intimadas a depor. Um especialista em operação de guindastes também deve ser ouvido nos próximos dias pela delegada Caroline Paim, responsável pelo caso. O inquérito deve durar 30 dias, mas o prazo pode ser prorrogado.

A empresa dona dos guindastes aguarda a conclusão do inquérito para falar sobre o assunto.

Investigações
De acordo com a delegada Caroline Paim, existe a possibilidade de que tenha ocorrido alguma irregularidade na segurança. "A Polícia Civil obteve alguns dados, ainda informalmente e que serão apuradas durante as investigações, que realmente algumas normas de segurança não foram observadas em sua totalidade naquela operação", salienta. 

Ainda segundo Caroline, o foco da operação é saber qual era a condição guindaste e da obra antes do acidente. Nesse ponto, todas as possibilidades serão observadas. "[Vamos investigar] se houve falha humana do operador de máquina ou se houve alguma irregularidade do equipamento, se ele estava em perfeito funcionamento. Tudo isso será apurado", explicou.

Um especialista em guindaste deve ser ouvido, assim como o funcionário responsável pela sinalização da obra, que presenciou o acidente.

Acidente em ponte na GO-020, em Goiânia, Goiás (Foto: Reprodução/ TV Anhanguera)Polícia ainda investiga causas do acidente que vitimou um funcionário (Foto: Reprodução/ TV Anhanguera)

Trabalho difícil
Técnico em segurança do trabalho e instrutor de um curso de operador de guindastes, Altamiro Oliveira explica que este tipo de serviço exige muitos cuidados. “Içamento de carga é coisa muito séria. Então a segurança tem que estar em primeiro lugar. Essas máquinas tem que ter passado por manutenção. Operador tem que ser uma pessoa bem treinada, bem capacitada com bom conhecimento de segurança", destaca.

O corpo do operário só foi retirado do local quase 12 horas após a queda dos guindastes, o que revoltou a família da vítima. O trabalho só pôde ser realizado depois que duas máquinas mais potentes que as que caíram chegaram ao local para içá-los.

Uma das hipóteses para o acidente é que o pé do guindaste operado por Isaías tenha perdido pressão hidráulica e, com isso, um equipamento caiu e puxou o outro, que também tombou. Segundo uma avaliação dos bombeiros, a estrutura da ponte já existente não foi afetada, apenas parte da proteção lateral estragou.

A Agetop diz que o guindaste que provavelmente causou o acidente havia apresentado problemas no sábado (16) e, após manutenção, voltou a operar na terça-feira (19). Entretanto, a agência afirma que o problema não é o mesmo que pode ter causado o acidente que vitimou o operário.

Obra
A obra onde ocorreu o acidente faz parte da duplicação da GO-020. A ponte é uma das cinco que estão sendo construídas no trecho da rodovia que liga Goiânia a Bela Vista de Goiás. De acordo com o projeto, a ponte deverá ter 45 vigas com 35 toneladas cada uma. Algumas das estruturas, que já haviam sido colocadas, foram destruídas após o acidente.

O trajeto entre as duas cidades tem 48 km e começou a ser duplicado em março deste ano. Orçada em R$ 148 milhões, a obra tem previsão de entrega para o mês que vem.

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