O trem do açúcar

Publicado em
04 de Maio de 2012
compartilhe em:

O sistema intermodal no Brasil, que integra as modalidades rodoviárias, ferroviárias e fluviais, vai receber investimentos bilionários no País, agora por conta das empresas ligadas ao agronegócio.

Duas gigantes do setor, a Copersucar e a Cosan, por intermédio de sua controlada Rumo Logística, vão investir, ao todo, R$ 3,3 bilhões no sistema, até 2015, e eliminar pelo menos 72 mil viagens de caminhões por ano, no interior paulista, para melhorar a movimentação nas estradas e reduzir as emissões de gases C02. A Copersucar vai desembolsar R$ 2 bilhões, enquanto a Cosan aplicará R$ 1,3 bilhão.

E o caminho já começa a ser trilhado por ambas. Segundo Paulo Roberto de Souza, presidente da Copersucar, serão investidos, somente em 2012, mais de R$ 300 milhões em logística. “Vamos economizar 42 mil viagens de caminhões ao ano”, diz Souza. Os primeiros investimentos foram destinados a Ribeirão Preto, no norte de São Paulo.

No dia 12 do mês passado, a empresa inaugurou as reformas do Terminal Multimodal de Ribeirão Preto, adquirido em 2009, para transportar açúcar até o Porto de Santos, a 392 quilômetros de distância, principal polo de exportação de commodities do Brasil.

A principal obra foi a implantação de um desvio – semelhante a uma rotatória – de 2,8 quilômetros na linha principal da ferrovia, chamada de “pera ferroviária”. Com a “pera”, o escoamento será aperfeiçoado.

Em números isso significa multiplicar por dez a capacidade de movimentação até o porto, passando das atuais 150 mil toneladas para 1,5 milhão de toneladas de açúcar por ano.

Outra melhoria foi a construção de um novo armazém, o que gerou aumento na capacidade de armazenagem de 20 mil toneladas para 70 mil toneladas. “Triplicamos a capacidade de recepção de carga rodoviária”, diz Luís Roberto Pogetti, presidente do conselho de administração da Copersucar. O armazém recebe os caminhões que vêm das usinas e posteriormente são reembarcados nos vagões de trem. Com isso, o tempo para carregar quatro mil toneladas de açúcar em um vagão será reduzido de dois dias para, no máximo, dez horas. “Dessa forma, aumentaremos a eficiência do transporte até Santos”, diz Souza. Na atual safra, 50% do volume transportado a granel da Copersucar para Santos utilizará o modal ferroviário, participação que deverá aumentar para 70% nos próximos três anos.

A Cosan segue o mesmo caminho da rival Copersucar, apostando na redução do transporte rodoviário em favor da ferrovia para fazer chegar sua produção de açúcar ao Porto de Santos. Nesse caso, a montagem de toda a operação fica por conta de um dos braços da Cosan, a Rumo Logística.

A empresa fará um aporte na “pera ferroviária” de aproximadamente R$ 50 milhões no porto. “O projeto agilizará a chegada de trens até o Porto de Santos, facilitando o escoamento da carga, sem a necessidade de realização de manobras dos trens e sem parada na operação”, afirma Julio Fontana, presidente da Rumo Logística.

Neste semestre, a Rumo também deve estrear o Terminal de Itirapina, próximo à região de Piracicaba, no interior de São Paulo, que terá capacidade de recebimento e escoamento de 500 mil toneladas por mês.

O investimento, até 2014, será de R$ 1,3 bilhão. “Com a utilização da ferrovia, prevemos uma redução mensal de mais de 30 mil caminhões por mês das estradas paulistas”, afirma Fontana. Tanto ele quanto Souza, da Copersucar, não quantificaram os ganhos decorrentes da redução de custos e de tempo de escoamento propiciados pela opção preferencial pela ferrovia para o acesso ao Porto de Santos. “Ainda é cedo para precisar esses números”, diz Souza. “Preferimos reunir uma massa crítica de dados na operação para avaliar melhor os resultados.” 

Boletim Informativo Guia do TRC
Dicas, novidades e guias de transporte direto em sua caixa de entrada.