Foi necessário muito tempo para que questões, frequentemente discutidas, conseguissem a maturidade para sua aceitação frente a teorias econômicas e práticas observadas.
No centro das discussões, a inovação proporcionada pelos avanços tecnológicos. Como explicar que coisas que estavam funcionando, gerando lucros e conseguindo satisfazer as exigências dos consumidores haveriam de mudar? Difícil de acreditar!
Entretanto, apesar dos avanços dos discos, LP’s , fitas K7, DVD’s, Pen Drivers, e memórias diversas e seus dispositivos de reprodução estariam superados em períodos cada vez menores e sujeitos à obsolescência acelerada.
A resposta (se é que existe uma resposta) é que o consumidor está cada vez mais disposto a experimentar coisas inovadoras e incorpora-las ao seu cotidiano desde que esteja disponível o tempo todo, em qualquer lugar e a qualquer hora.
Exemplo do que se diz é que nunca se vendeu tantas músicas depois que se extinguiram o monopólio das gravadoras e a tutela dos cantores e intérpretes.
Quem haveria de supor que fotografia deixaria de ser computada em milhões de imagens por ano, para bilhões de clicks por dia? Nenhum de nós e nem o Mr. Kodak acreditava nisso.
Há menos de uma década apostava-se na comunicação por voz onde as pessoas conversavam nos aparelhos celulares felizes e contentes. Hoje sabemos que a comunicação escrita nos smartphones (parentes próximos dos celulares, mas muito mais poderosos) se transformou na comunicação preferida de mais de 90% dos seus usuário, em mais de 90% do tempo!
Mapas eram usados para navegação e questões que envolvessem tecnicalidades. O Google Maps, O WAZE, o UBER, para ficar apenas nos exemplos mais conhecidos colocou o mapa nos nossos smartphones e ainda nos incentivam a aproveitar o café que está ao lado da nossa rota em direção ao trabalho. Sugere que tomemos um sorvete numa tarde quente, oferecido bem em frente ao local para onde estamos indo.
Coisas comuns estão revolucionando diversos segmentos e setores das atividades econômicas. O transporte de mercadorias destinadas ao consumo, até recentemente oferecidas em lojas, magazines e supermercados está passando por mudanças profundas.
O conceito de “deliver” (entrega) chegou de forma avassaladora: suprimento de bebidas prontas para o consumo nas festas, os “salgadinhos” e doces e tudo o mais de uma reunião estão abrangidos pelos deliveries que se incumbem de abastecer os consumidores estejam onde estiverem, não importando datas, locais e quantidades.
Ao abrir uma garrafa de vinho ou de cerveja é raro que alguém pergunte como esse produto chegou lá. Certamente foi adquirido e transportado e disponibilizado no momento definido.
A gigante de produtos de consumo criou o Amazon Dash Button que (*) que administra a reposição de itens de produtos dentro na despensa da nossa casa e o faz de forma tão eficiente que até nos esquecemos de que foram adquiridas através das visitas aos supermercados.
Nessa modalidade, não vemos os vendedores, não temos contato com os entregadores, não precisamos passar no caixa para pagá-los, mas quando precisamos do produto sabemos que ele está lá, como se tivéssemos cuidado disso por horas a fio.
As inovações nas práticas de consumo que temos hoje são mais numerosas nesses últimos 15 anos que nos 85 anos precedentes.
Se alguém me perguntasse onde estariam os consumidores de pipocas eu diria, sem hesitação, que nos circos, nas festas religiosas, nos estádios de futebol e nunca mencionaria os cinemas, que são o ponto de maior comércio.
No Brasil ainda não estamos explorando maciçamente o consumo “preditivo” aquele que antecipa os desejos de compra e incentiva, insinua e propõe a compra. Isso é só uma questão de tempo para que tenhamos esses serviços por aqui.
Quando foi lançado o Amazon Prime, com a sedutora proposta de entregar produtos da rede no território americano, sem cobrar frete (valor de transporte) ao invés de fazê-lo da forma tradicional (cobrava-se uma “assinatura anual” de US$ 70,00 para cobrir esses custos) certamente a proposta foi objeto de muita controvérsia e descrença. Hoje se trata de questão superada e o espanto é a pessoa não ter a assinatura Prime.
O que já vimos no transporte é muito menos do que veremos nas próximas semanas, ou meses, para os calçados, roupas, maquilagem, bebidas, e uma quantidade crescente de itens.
Os estudiosos de mercado dão com certo que o transporte é parte integrante da cadeia de produção. Entendem que não existem embarcadores e nem transportadoras, mas sim um exército de pessoas treinadas e orientadas para proporcionar satisfação para que as pessoas se lembrem da experiência bem sucedida e com vontade de repeti-la.
Para o mercado de consumo, não existem transportadoras ou outros agentes: existe o transporte incluído nos elos que vão da produção ao descarte, sem identificar quem é quem nesse processo, desde que faça o que dele se espera: gerar satisfação e ampliar a sensação de felicidade pelo consumo.