O planejamento das atividades logística é quase uma arte, por Mauro Roberto Schlüter

Publicado em
06 de Fevereiro de 2012
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A execução de planejamento de qualquer atividade requer uma série de condicionantes como o objeto de planejamento, escopo, atividades, recursos, custos, prazos, demandas dos clientes (interno, externo e consumidor), etc.

O cenário do planejamento e seu horizonte definem a complexidade e necessidade de dedicação dos responsáveis pelo planejamento. Cenários de operacionais e de curto prazo são em geral menos complexos e mais estáveis do que os cenários táticos e estratégicos.

Com a logística isto também ocorre, mas com resultados desastrosos nos casos onde ocorrem erros.

O planejamento logístico em cenários de longo prazo requer uma série de cuidados e tomá-lo como base para decisões torna-se muitas vezes uma abstração. Muitas vezes os resultados de longo prazo de um cenário tornam-se impraticáveis por questões relacionadas a falta de informações acerca da demanda.

A imprevisibilidade na previsão da demanda por serviços logísticos é enorme e as variações decorrentes exigem esforços hercúleos para prover a oferta adequada.

Isto afeta todas as empresas que fazem parte da cadeia de suprimentos dos produtos de consumos finais, em especial as empresas que fazem parte da base dessas cadeias.

As empresas operadoras do sistema logístico do país (transportadoras rodoviárias, operadoras logísticas, operadoras de transporte multimodal e 4PL’s), normalmente executam o seu planejamento com base em informações fornecidas pelos seus clientes.

Embora os cálculos relativos às previsões da demanda sejam de conhecimento amplo, isto nem sempre se traduz em realidade quando se trata de repassá-los aos fornecedores da cadeia de suprimentos.

Alguns problemas surgem quando a empresa embarcadora fornece dados de evolução da demanda por serviços logísticos baseado em projeções superestimadas.

Esta exacerbação na expectativa de demanda não decorre de erro, mas sim como uma forma de proteção, seja para baixar custos ou melhorar os níveis de serviço.

Esta exacerbação possui três origens principais. A primeira tem por objetivo inflar expectativa de receita do operador e com isso obter maior interesse e esforço no fechamento do negócio.

A segunda origem tem por base a necessidade de projeção da demanda para fins de estabelecimento de meta de vendas, que muitas vezes não se concretiza. A terceira origem reside na temeridade da empresa embarcadora em relação ao cumprimento dos níveis de serviço mínimos exigidos pelo mercado.

Seja qual for a origem das projeções irreais, acaba por induzir a empresa operadora do sistema logístico a prover infra-estrutura incompatível com a sua plena utilização, gerando prejuízos por ociosidade de veículos, implementos, instalações e prédios.

Projetos logísticos, pelo seu prazo de contratação, nível de complexidade e valores de investimento envolvidos, são considerados como parte integrante do planejamento estratégico das empresas, sejam embarcadoras ou operadoras.

Sugere-se que as empresas operadoras do sistema logístico de transportes façam uma boa reflexão, ou melhor, uma boa investigação acerca da correção dos números relativos a demanda que seu cliente fornece e se possível estabeleça compromissos em relação a possíveis variações de erros acima de 10% ou 20%.

Eventuais variações por excesso de demanda não são inéditas e são passíveis de suprimento da oferta, embora seja necessário gastar mais para agir no seu contingenciamento, mas a falta de demanda gera custos fixos desde o início das operações planejadas e isto deve ser extirpado.

Mauro Roberto Schlüter: Professor de Logística da Mackenzie Campinas
Diretor do IPELOG

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