O desafio de atrair e preparar talentos

Publicado em
29 de Novembro de 2011
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Empresas brasileiras enfrentam pelo menos três importantes desafios que afetam profundamente o seu desempenho: visão de curto prazo, negligenciamento de talentos e estruturas piramidais. Nosso índice de inovação e produtividade é um dos mais baixos do mundo.

Segundo o escritor e jornalista americano David H. Pink, que publicou "Drive" em fins de 2009, saímos do ambiente empresarial tradicional e típico da era industrial, de obediência, para o ambiente de engajamento das empresas modernas. Nesse novo ambiente os requisitos são: autonomia, reconhecimento pela qualidade de "ser o melhor" na profissão e, por último, propósito, entendido como visão de longo prazo.

Os três desafios das organizações brasileiras anteriormente mencionadas são diametralmente opostos aos requisitos especificados por Daniel Pink para a organização moderna: hierarquia se contrapõe à autonomia; falta de foco em talentos inibe a expectativa de "ser o melhor" e visão de curto prazo é incompatível com a aspiração por propósito. Instilar uma nova postura empresarial pautada em princípios e meritocracia pode significar o ponto de inflexão para as empresas mudarem esse jogo.

Todos têm um bom caso para contar de empresas que dispensam talentos com maior experiência e conhecimento, que se tornaram caros com o tempo, para substituí-los por profissionais entrantes no mercado de trabalho. Gosto de citar como uma das mais arrojadas organizações em gestão de pessoas, a Ambev.

A mobilidade vertical é garantida por um bem organizado sistema de contratar regularmente jovens talentos, instilar o comportamento ético, desafiá-los e promovê-los de tempo em tempo. Isso é possível porque a empresa imprime um ritmo de crescimento forte aos negócios, abrindo espaços para promoções.

A cultura empresarial e a gestão são diferenciais que geram inovação. O modelo Ambev é um exemplo disso. Como aplicá-lo à micro e pequenas empresas, que representam 60% da força de trabalho no país? Vamos nos concentrar nas pequenas empresas: gerar receitas anuais de R$ 3 milhões significa que muita coisa certa foi feita. São 300 mil empresas que empregam 10 milhões de trabalhadores.

O desafio dessas organizações é conseguir atrair e preparar talentos de qualidade para seguir o rumo das grandes empresas. O propalado apagão de talentos atinge essas empresas em particular.

Temos aqui um bom desafio intelectual para inovar na área de formação dos dirigentes de pequenas empresas. Alguns conceitos se alinham para obter resultados nessa direção: ética e paixão; simplicidade e foco, criar na empresa um ambiente motivador, expandir o conteúdo e dar significado ao trabalho, desenvolver o conceito de ir além e sistematizar o processo criativo que gera inovação.

Tenho visto ótimos resultados em empresas que investem na formação de talentos, provendo recursos e estimulando a educação. Sugiro que as propostas do cientista Miguel Nicolelis de promover a cooperação entre educação e ciência e de aumentar a produção e a democratização do conhecimento sejam a inspiração para um novo modelo que revolucione a gestão das micro e pequenas empresas brasileiras.

Adolfo Menezes Melito é presidente do Conselho de Economia Criativa da Fecomercio de São Paulo

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