O custo do transporte e seus efeitos na renovação da frota

Publicado em
15 de Agosto de 2013
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Problemas de infraestrutura reduzem crescimento da economia brasileira

Neste ano se você caminhar pelos corredores da Fenatran, que acontecerá em São Paulo (SP) entre 28 de outubro e 1º de novembro, verá grande quantidade de novas montadoras de caminhões vendendo seus veículos. Muitas dirão que vão se instalar no Brasil. Isto é ótimo, mas e as estradas e processos logísticos de carga e descarga? Quem continuará pagando pelos altos custos dos fretes causados por estradas e logísticas ruins? O frete em si é barato. O que infla o preço são os custos do modal, afetando mercados os interno e externo ao refletir nos custos dos produtos.

Como exemplo, sabemos que uma saca de 60 quilos de milho transportada de Mato Grosso para exportação a partir do porto de Santos no mês passado custou R$ 14, contra R$ 17 do valor do frete. São 2.450 quilômetros percorridos em 25 dias com quatro a cinco dias de espera no porto para descarregar os grãos.

A grande preocupação do setor transportador é que o cenário não mudou mesmo no ano em que o governo mais investiu nas rodovias. Isto mostra que o poder público não está realizando estes aportes de forma correta. O mau estado das rodovias é quase um ícone do custo Brasil. A precariedade de nossa malha tem reflexo direto na frota brasileira de transporte de cargas. Infelizmente vemos que os caminhões quebram no Brasil como em nenhum lugar do mundo.

A baixa qualidade da infraestrutura para transporte de carga não é problema exclusivo do modal rodoviário, existem problemas também no modal ferroviário, o que provoca índices de custos elevados em comparação a outros países. As distorções da nossa matriz de transporte exerce efeito de frenagem sobre a economia brasileira. É como se estivéssemos todos andando em um carro com o freio de mão puxado.

Apesar de se tornar mais caro devido aos problemas de estradas e de complexos logísticos, o valor do frete rodoviário é exageradamente barato, sem a consideração desses fatores, que acabam funcionando como uma barreira à prática da multimodalidade e como desestímulo ao desenvolvimento dos outros tipos de transporte. É uma espécie de dumping involuntário.

Custo

O valor médio pago pelos fretes rodoviários é muito baixo em comparação aos custos incorridos. Este serviço artificialmente barato compromete a saúde do setor, impede o crescimento de outros modais e gera efeitos negativos para a sociedade. O gráfico acima mostra o baixo preço dos fretes rodoviários, exibindo o custo padrão com o transporte e a remuneração para cargas fechadas em longas distâncias. A depreciação do veículo e o custo de oportunidade do capital investido no caminhão não foram considerados na curva de custos.

A diferença entre custo e preço médio identificada como gap no gráfico, representa o que pode ser entendido como uma margem operacional média negativa. As principais alternativas ao transportador rodoviário de carga para lidar com essa diferença entre custo e preço são reduzir a manutenção do veículo, elevar a jornada de trabalho, transportar carga acima do peso máximo, inadimplência fiscal e, finalmente, a redução de investimentos em novos caminhões. Esses fatores deixam claro o quanto o problema afeta a economia brasileira e a urgência em buscar soluções.

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