O custo do escoamento

Publicado em
02 de Abril de 2013
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Prestes a colher a maior safra de soja de sua história e já com um volume elevado de vendas antecipadas, o Rio Grande do Sul vê este esforço de produção e comercialização comprometido pelas deficiências no escoamento do grão.

No caso das exportações, uma combinação de atrasos estruturais, da saída dos carregamentos da região produtora até o embarque nos navios, provoca prejuízos que se acumulam há décadas.

Há excesso de dependência do modal rodoviário e faltam armazéns, o que faz com que o chamado custo logístico fique com 19% do PIB do Estado, três vezes mais do que seria razoável.

É uma realidade inalterada nas últimas décadas, como demonstração do atraso do setor público em relação à evolução em tecnologia e produtividade da agricultura.

Em 20 anos, o Rio Grande do Sul duplicou a safra de soja, mas as estruturas de armazenagem e escoamento permaneceram quase as mesmas.

Há carência de silos, as estradas são precárias e os terminais graneleiros de Rio Grande não conseguem, com tantos transtornos, fazer uma gestão eficiente das filas de espera.

A situação é agravada pelas deficiências dos portos de Paranaguá e de Santos, que acabam por sobrecarregar as operações de exportação no Rio Grande do Sul.

Não há argumentos capazes de anistiar os sucessivos governos estaduais, que encararam as limitações da logística gaúcha com desprezo. Também não pode ser aceita a desculpa de que muitos investimentos dependiam e ainda dependem de decisões federais.

Faltou às lideranças estaduais o poder de mobilização e pressão, para que obras de envergadura não fossem adiadas por anos, como a duplicação de estradas de acesso a Rio Grande.

São iniciativas importantes, mas insuficientes para alterar um modelo dependente de rodovias, quando se sabe que os custos poderiam ser reduzidos e a agilidade ampliada se fossem feitos investimentos em ferrovias e hidrovias.

Os déficits estruturais da logística de escoamento das safras são evidências de quanto o Estado regrediu em questões econômicas decisivas para que pudesse acompanhar a evolução de Estados vizinhos.

 

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