O Brasil tem remédio, por Luiz Fernando Buainain*

Publicado em
01 de Novembro de 2011
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Atento ao futuro promissor da distribuição farmacêutica, um grupo de empreendedores dava início, em outubro de 1985, ao projeto de criação de uma entidade representativa do segmento. Esse futuro não só chegou como também avançou por todo o território nacional. O advento da classe C fez nascer novos consumidores e levou os brasileiros às farmácias e drogarias. O resultado foi um volume de distribuição superior a R$ 19,52 bilhões apenas no primeiro semestre, segundo levantamento da IMS Health.

Os remédios distribuídos ao varejo farmacêutico, hospitais e clínicas, definitivamente, mexeram no mapa. Cada vez mais o Nordeste ganha espaço. De janeiro a junho, R$ 3,37 bilhões foram movimentados do Maranhão à Bahia, o que consolidou a região como a segunda maior em medicamentos distribuídos, com participação de 17,30%. Há dois anos o Nordeste passou a ocupar essa posição, ultrapassando o Sul – que caiu de 17,06% em 2009 para 16,85% nos seis primeiros meses do ano (R$ 3,28 bilhões).

O Centro-Oeste também deu seu recado, saltando rapidamente de 6,20% para 7,13%, o equivalente a R$ 1,39 bilhão. Aqui, o aumento populacional pegou carona no incremento da renda do consumidor. E mesmo perdendo participação percentual, o Sudeste registrou também aumento nas vendas, chegando a R$ 10,57 bilhões, com expressivos resultados no interior paulista.

A mobilidade na pirâmide social levou a classe C a ocupar 44% dos domicílios urbanos brasileiros na última década. Mas no quesito consumo de medicamentos, a representatividade já atinge 49%. Por essa movimentação, as vendas de genéricos nas grandes redes evoluem a faixas de 15% ao ano, enquanto as pequenas e médias apontam alta de 13%.

Com mais recursos, o brasileiro torna a saúde e o bem-estar itens prioritários no seu planejamento financeiro. O consumidor descobriu as gôndolas e encontra na farmácia um canal eficiente de venda. Cenário que aumenta a responsabilidade das distribuidoras, que têm conseguido abastecer mais de 66 mil estabelecimentos. O tempo entre os pedidos feitos pelos varejistas e a entrega do medicamento não ultrapassa dez horas, em média.

Estamos conduzindo os medicamentos estrada afora, percorrendo e atendendo a todos os municípios do País. Mas convivemos com algumas caronas indesejáveis: péssimas estradas, frete e custo elevado e déficit de bons motoristas, acompanhados de uma malha de transporte restrita praticamente ao modal rodoviário. Enquanto emergem novos polos consumidores, no ano passado apenas 1.393 quilômetros foram adicionados aos mais de 90 mil de extensão de rodovias federais pavimentadas e estradas estaduais.

E deste incremento de 2010, somente 337 quilômetros tiveram como fonte de custeio os pedágios aplicados por concessionárias privadas. Para a atividade atacadista, o risco de acidentes é permanente. Somemos a este fator as perdas motivadas por furtos e roubos. Para completar, não se vislumbra um mínimo indício de redução da carga tributária sobre o setor – 36% contra uma média global de 3,6%.

Quem paga a conta? O distribuidor, que literalmente luta contra o relógio. O tempo é curto para atender a quase 30 milhões de pessoas que ascenderam para a classe C e aos nossos clientes habituais. A despeito dos problemas, o esforço é redobrado. E podemos assegurar: o Brasil tem remédio.

Luiz Fernando Buainain é Presidente da Abafarma - Associação Brasileira do Atacado Farmacêutico
 

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