NTC prevê mudanças a longo prazo nos modais

Publicado em
28 de Novembro de 2011
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O futuro do transporte de cargas no Brasil ainda dependerá do modal rodoviário, mas o modal perderá sua hegemonia em 2020 para o ferroviário. Esta é a visão do vice-presidente da NTC e Logística, Alfredo Peres, que apresentou as perspectivas do setor de transporte de carga durante o terceiro e último dia do 21º Congresso Fenabrave, na sexta-feira, 25.

O executivo ponderou sobre as vantagens do transporte rodoviário de cargas nos aspectos que abrangem velocidade e facilidades de acesso na comparação com outros modais e citou casos do setor automotivo para confirmar os benefícios atuais. Utilizou a Fiat de exemplo, que para exportar seus veículos de Betim, MG, para Córdoba, Argentina, as cegonhas percorrem 3.200 quilômetros em dez dias. Segundo Peres, por navio, a viagem demoraria de 25 a 30 dias. Pelo mesmo motivo de falta de agilidade, a General Motors investiu R$ 30 milhões em um centro logístico localizado no Porto de Suape, em Pernambuco, para facilitar o escoamento de sua produção. Internamente, carretas de São Paulo com destino a Belém, PA, percorrem 3.000 quilômetros em nove dias e alcançam Manaus, AM, via barcaças. “De navio, esse percurso levaria de 25 a 30 dias.”

Os números apresentados por Peres revelam que hoje na matriz do transporte de carga brasileiro, o rodoviário lidera com 61,1%, seguido pelo ferroviário, com 20,7% de participação de tudo o que foi transportado no País este ano até setembro. “Percebemos em outros países, como Estados Unidos e Europa, incluindo Rússia, que a maior parte do transporte está centrada na malha ferroviária. Entretanto, diferente do Brasil, eles têm uma velocidade média que supera os 100 km/h, como é o caso dos Estados Unidos. Aqui, a velocidade média dos trens não passa dos 30 km/h.”

Apesar das vantagens, o cenário passará por alterações a longo prazo, prevê Peres. “O setor rodoviário sofrerá cada vez mais restrições incentivadas pelas ações de defesa do meio ambiente, por conta disso, o índice de participação do modal deve cair progressivamente na medida em que a dos outros aumenta.”

De acordo com dados do PNLT, Plano Nacional Logístico de Transporte, apresentado por Peres, o setor rodoviário passará de uma participação de 58% apurado em 2005 para 30% em 2025. No mesmo período, o setor ferroviário aumentará de 25% para 35% e o hidroviário passará de 13% para 29%. Entretanto, Peres mostra que dentre todos os modais, o rodoviário é o que receberá o maior aporte por parte do PAC 2. De 2011 a 2014, o setor receberá o equivalente a R$ 48,4 bilhões enquanto o ferroviário terá R$ 43,9 bilhões. Portos e transporte hidroviário receberão respectivamente R$ 4,8 bilhões e R$ 3 bilhões, sendo este último o mesmo valor dedicado aos aeroportos.

A médio prazo, Peres afirma que a carga rodoviária continuará crescendo, embora a política do governo e fatores como a estabilidade econômica, defesa do meio ambiente, roubos, furtos, terceirização de atividades logísticas, aumento do número de pedágios modernização dos portos e construção de novos dutos favoreçam os outros setores. A longo prazo, o executivo afirmou que a perda de participação do rodoviário no transporte de carga poderá ser maior se alguns problemas não forem tratados hoje, como a renovação da frota, que para ele, deverá receber cada vez mais incentivos a exemplo dos que já estão no mercado, como o Pró-caminhoneiro, a reciclagem dos veículos e a inspeção veicular. E apontou problemas considerados “sérios”, como o controle de peso de carga e a regulamentação do tempo de direção para os motoristas. “Outros setores como o aéreo e o ferroviário já têm regulamentação para o tempo de trabalho de seus condutores: um País que ainda depende do transporte rodoviário não pode mais adiar esta questão.”

Fonte: Automotive Business

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