Novamente a ALL

Publicado em
04 de Agosto de 2010
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Mais uma vez os terminais ferroviários de embarque de commodities agrícolas da América Latina Logística (ALL) em Alto Taquari e Alto Araguaia, no sul de Mato Grosso, voltam ao noticiário. Dessa vez, a Federação dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário do Estado de Mato Grosso e os sindicatos de sua base afunilam entendimentos para a decretação de greve geral por tempo indeterminado, a partir da próxima semana, para paralisar a atividade nos dois terminais.

Funcionários que trabalham no embarque de commodities reclamam de insalubridade e motoristas que transportam produtos para os vagões dos comboios ferroviários criticam a morosidade das operações e as péssimas condições de manobra para descarregamento de uma quantidade de carretas e bitrens que oscila entre 300 e mil veículos diariamente.

A empresa ALL que é concessionária da Ferrovia Senador Vicente Vuolo, pela qual Mato Grosso escoa a cada safra cerca de 6 milhões de toneladas de grãos e plumas de algodão para o porto paulista de Santos, é questionada por todos os elos da cadeia que movimenta suas composições ferroviárias.

No momento a crítica parte dos funcionários nos terminais e dos motoristas e carreteiros que transportam produtos para os trens. Mas, o descontentamento é generalizado. Produtores rurais não recebem melhor remuneração quando sua produção deixa Mato Grosso pelos trilhos da ferrovia e o preço do grão ou pluma é o mesmo independentemente da matriz de transporte que o escoa para o Centro-Sul ou para o mercado internacional.

A ferrovia da ALL não é diferente de suas similares mundo afora. Por isso, seu frete tem que ser menor do que o praticado pelo transporte rodoviário. Essa diferença obrigatoriamente teria que remunerar a mais o produtor rural, mas isso não se verifica. Portanto, para a economia rural os trens que cruzam os trilhos entre Santos e Alto Taquari e Alto Araguaia e vice-versa não tem nenhum significado se vistos pelo aspecto econômico.

Além de não beneficiar o produtor rural a ALL também expõe a risco de saúde funcionários dos terminais de embarque e os mantém em situação que sinalizam para a analogia ao trabalho degradante.

Ferrovia dada em concessão e que recebe incentivos do governo federal e dele obtém financiamento obrigatoriamente tem que cumprir função social sem prejuízo de sua lucratividade. Esse, comprovadamente, não é o caso da linha operada pela ALL em Mato Grosso.

O governo de Mato Grosso, a Assembleia Legislativa e a bancada federal precisam adotar posicionamento político vigoroso para que a ALL crie melhores condições de trabalho, diminua o tempo de espera pelo desembarque das cargas rodoviárias e reduza o preço do frete. Paralelamente a isso, a Delegacia do Trabalho e Emprego, o Ministério Público do Trabalho e o Ministério Público Estadual, cada uma em sua esfera, precisam agir em defesa dos direitos elementares do trabalhador e da economia popular.

Funcionários que trabalham no embarque de commodities reclamam de insalubridade

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