Nem gargalos impedem recorde na Codesp

Publicado em
05 de Março de 2013
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Se o Brasil contasse hoje com os 10 mil km de ferrovias prometidos pelo governo federal para 2020, a movimentação dos portos do Brasil já poderia ser 33% maior do que é atualmente, ou seja, não existiriam tantos gargalos na hora de embarques e desembarques. Com as melhorias previstas para o modal ferroviário, uma das áreas mais favorecidas seria o porto de Santos, administrado pela Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) - que mesmo com atrasos e greves registrou em 2012 lucro contábil histórico: R$ 199,3 milhões.

Mesmo com tantos problemas de infraestrutura, a Companhia espera, aliás, um novo recorde este ano, com aumento de 4,3 % nos lucros, chegando a transportar 109 milhões de toneladas, entre carga geral e sólidos e líquidos a granel. É o que estima o presidente da Codesp, Renato Barco.

"As expectativas para 2013 consideram um cenário econômico mundial em processo de recuperação gradual. Quanto ao Brasil, os analistas apontam para um crescimento do PIB em torno de 3,5%. Com base nesse cenário e tendo em vista as projeções feitas pelos terminais portuários, a Codesp espera registrar, em 2013, nova marca recorde", afirmou Barco. Esta expectativa considera a entrada em operação de duas novas instalações portuárias: Brasil Terminal Portuário (BTP) e Embraport, além de um cenário internacional mais favorável, com melhores perspectivas para as exportações brasileiras de bens de maior valor agregado.

Já com relação à falta de infraestrutura que ainda afeta o setor, o presidente da Associação Nacional de Transportadores Ferroviários (ANTF), Rodrigo Vilaça, afirma que é preciso uma mudança de cenário, com os 10 mil km esperados até 2020. "Dentro de uma estrutura pequena como temos, com 30 mil km de ferrovias, nem sempre com boas condições, com 10 mil km a mais, a capacidade de exportação vai aumentar, podendo quase dobrar", estimou ele.

Já para o advogado especializado em Direito Marítimo e Logística, Oswaldo Agripino, o desenvolvimento depende mais de questões políticas do que técnicas. "Não existe no Brasil um órgão para integrar os modais, é um problema institucional e político. Não se pensa no todo. O sistema político partidário nomeia cargos sem critérios técnicos e sem coordenação, loteando a administração dos modais rodoviário, ferroviário e marítimo. E isso gera um enorme prejuízo pela falta de uma gestão integrada", disse o especialista ao DCI.

Mercado em 2012
Ainda sobre o balanço da Codesp, o diretor de administração e finanças da empresa, Alencar Costa, comemorou, ontem, o superávit obtido em 2012, revelando que "o resultado patrimonial acumulado nos últimos 6 anos reverte um prejuízo de R$ 119,2 milhões, verificado em 2006, para o resultado obtido no ano passado, representando um crescimento da ordem de 209,13% [2007 a 2012]". Segundo a Codesp, esse desempenho positivo teve início com a criação da Secretaria de Portos (SEP).

Costa atribui os bons resultados a um planejamento rigoroso dos investimentos em infraestrutura e à mudança no modelo de licitação das áreas arrendadas. O diretor explica que essa performance ocorreu em um momento de forte desaceleração na economia mundial, que teve início em 2008, com reflexos na atividade econômica do Brasil. "Apesar da conjuntura enfrentada, a Codesp obteve resultados expressivos", comentou. Ele disse que a empresa dispõe, hoje, de quase R$ 2,00 em caixa para saldar cada R$ 1,00 de dívida, quando antes possuía, somente, R$ 0,06 em caixa para cada R$ 1,00 de dívida.

Alencar destacou, ainda, que os índices de liquidez mostram ao longo dos anos que a condição financeira da empresa é "muito boa", visto que dispõe de reserva suficiente para liquidar todos os compromissos, restando, ainda, saldo positivo em caixa. "Para cada R$ 1,00 de dívida, a Codesp dispõe de R$ 1,29 na Liquidez Imediata; de R$ 1,43 na Liquidez Corrente e Seca e de R$ 1,98 na Liquidez Geral", esclareceu o diretor, que destacou que a Codesp não recebe nenhum recurso do governo federal para custeio de suas obrigações e participa, ainda, com recursos próprios na realização de alguns investimentos em infraestrutura, comprometendo a Receita Operacional com o custeio de Pessoal inferior a 20%.

Crescimento
Durante os últimos 6 anos, a Codesp acumulou um lucro líquido de R$ 474,7 milhões, com distribuição de R$ 94,7 milhões, a título de Dividendos e ou Juros Sobre Capital Próprio, aos acionistas e R$ 23,7 milhões de Participação nos Lucros e Resultados a seus empregados. Já a receita tarifária bruta (utilização de infraestrutura e serviços gerais), em 2012, registrou R$ 393 milhões, permanecendo estável em relação a 2011 (R$ 376,0 milhões). A receita patrimonial, decorrente de arrendamentos operacionais, reajustados alcançou a importância de R$ 358,5 milhões ano passado, um incremento de 9,23%.

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