Navig apresenta simulador móvel para motoristas

Publicado em
23 de Outubro de 2013
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Empresa do ex-piloto e comentarista Luciano Burti ajudará transportadoras a treinar profissionais

CAMILA FRANCO, AB

Luciano Burti investiu mais de R$ 3,5 milhões para montar Navig.
 
Pesquisa da Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC) mostra que 13% dos caminhões da frota brasileira estão parados por falta de motoristas qualificados. Com o objetivo de oferecer ao setor de transporte de carga e de passageiros uma alternativa rápida e eficaz para ajudar a resolver este problema, começa a operar este mês aNavig, empresa brasileira especializada em treinamento, formação e qualificação dos motoristas por meio desimuladores, similares aos usados na aviação. 

Fundada e administrada pelo ex-piloto de Fórmula 1 e comentarista Luciano Burti, a Navig atenderá, em princípio, empresas frotistas e transportadoras. Conta atualmente com três simuladores de última geração importados da canadense Virage Simulation. Dois são para motoristas de caminhões e ônibus e o outro para veículos urbanos de carga (VUC) e automóveis. Cada simulador pode reproduzir veículos de diversas marcas e funciona dentro de um container móvel, que é deslocado até a empresa cliente.

“Esse é um dos principais diferenciais da Navig, já que a unidade móvel de treinamento irá atender o cliente e ficará a sua disposição o tempo necessário”, comentou Burti durante evento de apresentação da empresa na terça-feira, 22, em São Paulo. 

CURSOS 

Segundo Burti, em um mesmo simulador, com a ajuda de dois instrutores, podem ser treinados, tanto na teoria quanto na prática, até cinco motoristas de uma só vez. São oferecidos seis cursos diferentes. O principal é o que visa a economia do consumo de combustível - corresponde a cerca de 50% da despesa de uma transportadora. Ele demora cerca de 1h30 para ser ministrado e custa entre R$ 350 a R$ 400 por motorista. Há também curso de direção defensiva, de antitombamento, de manobra de carreta, de avaliação de novos motoristas, e o de conscientização das consequências do consumo de álcool e drogas ao volante. Burti aconselha que os motoristas realizem um curso por vez para melhor assimilação. 

No fim de cada curso, que não duram mais de uma hora e meia, há mensuração dos resultados. “Nos meses seguintes ao treinamento, acompanharemos o desempenho de cada um em seu dia a dia de trabalho. Os que apresentarem melhorias receberão o certificado de qualificação da Navig”, conta Burti. 

De acordo com o empresário, após passar pelo módulo de economia de combustível, o motorista é capaz de diminuir em média 10% do consumo. Em alguns casos, a redução pode chegar a 15%. “Com esta economia, o investimento no curso é totalmente recuperado após rodar de 3 mil a 5 mil quilômetros”, calcula Burti. 

EMPRESAS CLIENTES 

A Navig trabalhará em princípio com empresas que tenham no mínimo 90 motoristas. “Por causa do custo deslocamento do nosso container, é mais viável ficarmos de dois a três dias sediados na transportadora. Podemos capacitar de 30 a 90 pessoas por dia, em sete dias da semana”, explica Gustavo Ricca, diretor operacional da Navig. 

Após se consolidar no mercado, a empresa pretende construir um centro de treinamento em São Paulo para que empresas menores possam direcionar seus profissionais. 

A transportadora Braspress foi a escolhida para os primeiros testes das Navig no Brasil. Motoristas da empresa passaram pelo treinamento de redução de consumo por duas semanas. Conseguiram reduzir em 16% em trechos urbanos e 6% nas estradas. 

“Um dos principais atrativos deste simulador é que não é preciso deslocar os motoristas até um local específico de treinamento. O fato de o equipamento vir até a empresa diminui o ônus que teríamos com o deslocamento do profissional”, comentou Urubatan Helou Júnior, controlador da frota da Braspress. 

Burti diz que a Navig estará na Fenatran, feira dos transportes que acontece entre 28 de outubro e 1º de novembro. A empresa espera prospectar seus primeiros clientes durante o evento, dando prioridade aos frotistas e transportadoras instalados em São Paulo. “Como estamos sediados no Estado, os nossos primeiros atendimentos serão realizados por aqui. Mas a ideia é atender todo o Brasil nos próximos anos, ao passo que o negócio ganhar proporções maiores”, promete o empresário. 

INVESTIMENTO 

Para montar a Navig, até agora Burti investiu com dinheiro próprio mais de R$ 3,5 milhões. Gastou em torno de R$ 700 mil para importar cada simulador, os quais podem ser revendidos por R$ 850 mil. “Nós apostamos fortemente neste negócio e estamos prontos para uma segunda fase de investimentos”, concluiu o empresário. 

Burti decidiu fundar a empresa por causa de sua experiência com pilotagem. Em 2001, ele sofreu um acidente durante prova de F1 na Bélgica, ao correr a mais de 270 km/h. Desde então, a segurança e, sobretudo, ensinar as pessoas a ter uma condução eficiente passou a ser um de seus principais focos de atuação.

TREINAMENTOS SIMILARES 

Já são oferecidos cursos similares para capacitação de motoristas no Brasil, por instituições como o Serviço Social do Transporte (Sest) e Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Senat). Mas Burti ressalta que eles têm custo mais elevado, oferecem risco mais alto para os motoristas por não usarem simuladores e não conseguem obter dados precisos do desempenho dos alunos. 

“A grande vantagem do simulador da Virage é que ele tem um software com capacidade pedagógica muito eficiente. A Virage têm grande expertise na indústria de aviação. Mantém parceria com o CFTC, centro de treinamento no Canadá com mais de 120 caminhões próprios e 20 cursos, sendo a maioria deles associados ao uso de simuladores. Portanto, todo o conteúdo teórico e prático da Navig foi desenvolvido em parceria com o CFTC. Sabemos que o simulador é a ferramenta principal, porém, precisamos de uma metodologia apropriada para alcançar estes resultados. Isso influenciou a nossa escolha”, declara Burti.
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