Nada mais será como era antes

Publicado em
10 de Julho de 2020
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Apesar das incertezas que ainda cercam a economia, a saúde, o emprego, a educação e as relações em meio à pandemia do novo coronavírus, uma coisa é certa: o mercado que se tinha antes da Covid-19 não volta mais! 

Quem desenha o novo cenário e fala sobre as mudanças em curso é o economista Paulo Roberto Simões. Diretor da Consumeta Consultoria, Pesquisa e Projetos, o economista aponta algumas das principais transformações propiciadas pela Covid-10, mas não para por aí! Ele ainda lista quatro dicas práticas que os transportadores devem levar em conta se quiserem manter seu negócio de pé.

A primeira coisa para a qual Simões chama a atenção é que o cenário de hoje não é, nem de longe, parecido com o de março. Segundo ele, já é grande o grupo que defende a perpetuação do sistema home office no lugar do trabalho presencial para muitos setores. “Muita gente se deu conta que o home office mantém a produtividade e reduz custo”, resume.

Outra tendência observada por ele diz respeito ao transporte de carga fracionada. Mas não à carga fraccionada que existe hoje, e sim àquela de pequenos volumes, fruto de compras online. 

“Em razão do isolamento, as pessoas estão se acostumando a comprar de casa. Isso está fazendo com que a plataforma de e-commerce cresça absurdamente e muitas empresas que não trabalhavam nesse sistema estão aderindo. A venda porta a porta vai mandar no mercado e isso nos levará a uma maior concorrência, já que com as várias opções de escolha, o público terá o quê e onde escolher, e ficará mais criterioso”.

O cenário não é dos mais otimistas. Projeções de institutos especializados dão conta de que o PIB de 2020 será o pior dos últimos cinco a 10 anos, e que de 20 a 40% das micro e pequenas empresas vão fechar até o final do ano. “A crise atual tende a ser mais grave do que a de 2015/2016 porque o fator venda está bem próximo do zero em muitas companhias. E sem fundo de caixa para sobreviver muito tempo, elas estão gastando suas reservas faturando quase nada”, explica Simões.

Sim, as projeções não são as melhores. Mas é possível ver luz no final do túnel. As pessoas estão aprendendo a ser empreendedoras. E isso, na visão do economista, vai criar uma onda de desenvolvimento no pós-pandemia. “As pessoas vão se mostrar mais preparadas. Em virtude do desemprego, vão procurar outras coisas para fazer, em que investir. Ou seja, vão começar a empreender e isso também vai marcar o ‘novo’ mercado”. 

Dicas para ajudar a vencer a crise

Para quem deseja manter seu negócio vivo, a receita é estudar, analisar, olhar com atenção para o mercado e colocar a mão na massa! Como diz o velho ditado, “é o olho do dono que engorda o gado”, mas Paulo Roberto Simões apresenta quatro dicas que podem ajudar a vencer a crise.

- Planejamento Estratégico: “A figura do Planejamento Estratégico está mais forte do que nunca. Empresas que ainda não fazem terão que fazer para aprender a diferenciar seu negócio. O fator comparação fica cada vez mais evidente num mercado marcada pela grande concorrência. O que você terá de fazer para levar o cliente e fechar uma carga com você e não com seu concorrente? Perguntas desse tipo têm que fazer parte da rotina do empresário.”

- É hora de rever processos internos: “O que posso fazer para aumentar a minha produtividade, fazer mais com menos? Serão mais competitivas as empresas mais produtivas, e isso tem a ver com prazo de entrega, acuracidade, qualidade, manuseio com as cargas. Vale lembrar que estamos lidando com um público mais criterioso, cheio de opções. O transporte de cargas terá que se reinventar porque a tecnologia tende a baratear todo o processo”.

- Ter bom sistema de controle em índice de desempenho: “Isso é fundamental e passa pelo Planejamento Estratégico, pois se não sei para onde estou indo, como vou saber qual índice preciso melhorar, o que medir, como medir? O novo mercado exige, mais do que nunca, que o empresário conheça bem seu negócio, seu cliente. Isso gera valor!”

- Novo tipo de remuneração: “O que está em evidência é o sistema de remuneração estratégica, que não foca no salário fixo, mas em como posso atrelar ganho ao meu desempenho. 

Afinal, o que vale é o desempenho, o resultado, e não o tempo levado para desenvolver uma tarefa. Muita gente ainda pensa que alguém só é capaz de produzir se estiver fazendo alguma coisa. O mercado pede estratégia! Como ser estratégico sem pensar, apenas executando?”, questionou ele, que discutiu esse tema em 25 de junho, na primeira edição virtual do Encontro com Gerentes do Transcares.

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