Mudanças nas estratégias de vendas de soja

Publicado em
28 de Maio de 2013
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Carro-chefe do agronegócio nacional, a soja deu um resultado mais magro às companhias agrícolas em 2013. A alta do frete "roubou" parte do esforço das empresas em buscar preços mais elevados para a commodity. A queda da rentabilidade já afeta o ritmo de comercialização da safra que será colhida em 2014 e estimula as empresas a investirem em armazenagem a fim de escapar dos picos de alta do frete.

Somente na SLC Agrícola, a logística consumiu o equivalente a US$ 2,7 por bushel (27,21 quilos) de soja, um aumento de 8% em relação ao ano passado, quando somaram US$ 2,5 por bushel. O resultado é que, mesmo tendo conseguido vender a soja a preços mais altos que em 2012, a SLC registra até agora um valor líquido por bushel de soja 6% menor que no ano passado.

Até o fim do primeiro trimestre, a companhia havia conseguido vender antecipadamente 73,6% da oleaginosa colhida em 2013 a um preço médio de US$ 13,77 por bushel, 0,95% acima do registrado em 2012. No entanto, quando se considera o preço líquido (descontadas as despesas com logística), o valor cai para US$ 11,07 por bushel, ante US$ 11,14 no ano passado - em 2012, o valor líquido chegou a US$ 11,80 devido ao prêmio obtido de 66 centavos de dólar por bushel.

Para minimizar o efeito negativo do frete no resultado, a SLC Agrícola pretende ampliar a capacidade de estocagem e alterar a escala de entrega de soja, explica o presidente da companhia, Aurélio Pavinato - um movimento que deve ser acompanhado pelos grandes produtores de grãos.

Normalmente, afirma o executivo, a empresa entrega 50% da soja no período de colheita, entre fevereiro e abril, e o restante ao longo do ano. Mas, nesta safra, decidiu entregar apenas 30% até abril por causa dos fretes elevados. "No ano que vem, não queremos entregar mais que um terço", diz Pavinato.

A empresa vai investir de R$ 25 milhões a R$ 30 milhões para ampliar em mais de 10% a capacidade de armazenagem atual da companhia, de 480 mil toneladas. Esse volume equivale a 60% da produção de grãos da empresa (800 mil toneladas), e atinge 80% a 100% quando se considera que a colheita de soja e de milho ocorre em períodos diferentes. "O problema de logística no Brasil não tem solução no curto prazo. O que estamos fazendo agora é para minimizar", diz o executivo.

Outra companhia que pretende aumentar a capacidade de armazenagem para reduzir a exposição aos elevados custos de frete durante o pico da safra é a Vanguarda Agro. A empresa anunciou há três semanas que pretende investir R$ 20 milhões para aumentar em 30 mil toneladas, ou cerca de 10%, a sua capacidade de estocagem.

Na ocasião, o CEO da Vanguarda, Arlindo Moura, afirmou ao Valor que a companhia pode anunciar novos aportes em armazenagem no segundo semestre, a depender das condições da nova linha de crédito que o governo pretende disponibilizar para esse fim no próximo Plano Agrícola e Pecuário.

"O ideal é que tenhamos capacidade de estocar a soja até agosto e setembro, durante a entressafra americana, quando os prêmios pagos são maiores", explicou. Nesta safra 2013/14, a Vanguarda Agro negociou 77% da colheita de soja e 61% do algodão até o fim de março.

Ainda não se sabe qual será o patamar de preços de frete para o próximo ciclo, mas neste momento, ainda estão 20% mais elevados do que no ano passado. "Em Mato Grosso, subiram 40% no pico da safra. Agora recuaram 20%", diz Pavinato. O maior problema da companhia está na soja plantada em Mato Grosso, onde os fretes custam 30% mais do que na região Nordeste.

Segundo Moura, os preços do frete rodoviário entre Rondonópolis e Paranaguá (PR) cederam cerca de 10% desde o pico do ano, mas ainda encontram-se longe da média praticada nos últimos anos. "Nessa rota, o frete subiu 48% entre março de 2012 e março de 2013", observou. Com isso, os produtores ainda não deram início à comercialização da safra 2013/14, que será colhida no primeiro trimestre de 2014. Há um ano, mais de 40% da safra 2012/13 já estava comprometida, segundo o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea). "O produtor não aceita pagar esse nível de preço, então não sai negócio".

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