Profissionais reclamam que há pouco serviço e as empresas não estão pagando a tabela
Mais reconhecimento pela sociedade e um frete melhor para poder sustentar a família. É basicamente isso que os caminhoneiros desejam. No Dia do Motorista (27), a Carga Pesada conversou com alguns profissionais no Posto Corujão, em Londrina. A tabela de frete estabelecida pelo governo na greve de maio é a esperança da categoria. Mas muitas empresas, segundo eles, estão desconsiderando esse direito dos motoristas expresso na Medida Provisória 832.
“O Dia do Motorista não foi bom para mim porque está faltando carga. Mas, graças a Deus estou com saúde e pagando as contas”, disse o paulista Emerson Eduardo, da cidade de Ourinhos. “A economia está parada, tem pouca oferta de frete”, complementa.
Para ele, a tabela de frete é algo importante, mas infelizmente poucas empresas estão pagando os valores previstos nela. “A maioria não paga. Vim para o Paraná carregando para a Gerdau, que pagou a tabela, mas para voltar para o Rio nenhuma firma está pagando.”
Eduardo deposita esperanças na audiência pública sobre a tabela que será realizada no Supremo Tribunal Federal (STF) dia 27 de agosto.
“Meu dia foi normal porque eu nem lembrava que era meu dia. Estamos esperando encontrar carga para voltar para casa e ver a família”, contou o catarinense de Joinville Elias Lourenço, que estava acompanhado do filho Gabriel. “O melhor presente para mim seria um frete bem caprichado para voltar para casa”, disse.
Ele também reclama que poucas empresas respeitam a tabela de frete. “No Sul, ainda pagam, mas no Nordeste, não”. Lourenço participou da greve e lamenta que o governo fez mais uma lei que não é cumprida.
O paranaense Sidney Vitor de Castilho reclama da falta de reconhecimento da categoria. “Fazem festa para tantas coisas que não têm importância, mas para nós, nada. A mídia não fala sobre nós. Ela esconde a gente”, alega. “As pessoas pensam que motorista é drogado, é sem-vergonha. Eu sou pai de família, estou aqui lutando pelo pão de cada dia”, complementa.
Castilho diz que a tabela de frete está ajudando, mas é preciso um diesel mais barato. “E esse pedágio: eu chego a deixar R$ 102 na praça de Sertaneja (PR)”, ressalta.
Vale lembrar que, caso seja contratado por tarifa abaixo da registrada na tabela, o caminhoneiro tem direito a buscar indenização na Justiça. Receberá duas vezes a diferença entre o valor pago e o que seria devido.