Motoristas e transportadoras de Mato Grosso farão protesto na próxima segunda-feira, 16, para pedir melhores condições de trabalho e infraestrutura nos pátios e áreas de acesso aos terminais ferroviários da América Latina Logística (ALL), em Alto Araguaia e Alto Taquari, no Sul do Estado. O movimento é liderado pela Federação dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário do Estado de Mato Grosso (Fettremat) e Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transportes Terrestres, que englobam um grupo de sete instituições, representativas em regiões do Estado.
O diretor executivo da Associação dos Transportadores de Carga de Mato Gross (ATC), Miguel Mendes, conta que são constantes as reclamações das transportadoras sobre os prejuízos provocados pelas más condições nos terminais da ALL. Segundo ele, além da ATC, o movimento também tem o apoio União Nacional dos Caminhoneiros (Unicam) e do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas no Estado de Mato Grosso (Sindmat).
Na segunda-feira passada (9), os trabalhadores e sindicalistas elaboraram uma pauta de reivindicação com 11 itens para melhorar as condições de tráfego e operação, incluindo a pavimentação do pátio em Alto Taquari e Alto Araguaia. A ATC calcula que os terminais recebem diariamente cerca de 300 mil caminhões, que operam em áreas empoeiradas no período de estiagem, com rampas de classificação em má condição. Segundo Mendes, os motoristas chegam esperar mais de 36 horas para conseguir descarregar as cargas, sobretudo, soja, milho e farelo.
O diretor da ATC ressalta que o problema agravou-se depois que a ALL começou a bloquear a entrada de motoristas que reclamaram das condições nestes terminais. "Pelo número do CPF ou pela placa dos automóveis, os motoristas eram impedidos de circular nos pátios", conta. Na última terça-feira (10), o Tribunal Regional do Trabalho, da 23ª região, da 2ª vara do Trabalho de Rondonópolis, concedeu liminar favorável aos motoristas.
A liminar concedida pelo juiz Juarez Gomes Portela determina que a ALL adote medidas em caráter emergencial para melhorar as condições de trabalho nos terminais, como a contratação de um caminhão pipa para molhar os pátios de estacionamento de seus terminais, e reduza o tempo de espera dos motoristas para carga e descarga. A liminar também estabelece que a companhia não pode bloquear os CPFs de motoristas, impedindo a descarga dos produtos.
Mendes afirma que a questão já vem sendo discutida com representantes da companhia, mas a demora em solucionar o problema de infraestrutura nos terminais acabou fazendo as entidades marcarem a greve. "Há mais de três anos pedimos mudanças. A negociação se esgotou", afirma. Ele explica que a ATC vai orientar as transportadoras a recusar o frete para os terminais de Alto Araguaia e Alto Taquari.