Mesmo com incentivos, mercado de caminhões amarga nova queda em setembro

Publicado em
14 de Outubro de 2012
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A fabricação de novos veículos recuou 40%, enquanto as vendas estão 22% menores do que em 2011, desmentindo o otimismo do setor quando as medidas de incentivo à indústria automobilística foram anunciadas

Com apenas três meses para fechar o ano, a produção de caminhões deverá ficar mesmo no vermelho. No acumulado do ano, até setembro, a atividade das montadoras desses veículos no Brasil ficou 39,9% abaixo do registrado no mesmo período do ano passado. Segundo os números da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), divulgados na semana passada, saíram das linhas de produção nacional, 99.410 unidades contra mais de 165 mil entre janeiro e setembro de 2011.

Esse desempenho é o reflexo direto da queda das vendas nas concessionárias, que está 22% mais baixa que em 2011, parte dessa retração devido ao aumento dos preços dos veículos com a entrada em vigor da norma Proconve 7/ Euro 5, mas com a participação do efeito da crise internacional e com a economia que vem crescendo menos que o previsto. Nesta semana, os analistas do Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgaram um estudo em que estimam uma expansão do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro na casa de 1,5%. O PIB é a soma de todas as riquezas produzidas no País em um ano e dá a medida de como se comportou a economia local.

No mês passado, o presidente da Anfavea, Cledorvino Belini disse que a perspectiva de aumento da atividade econômica iria impulsionar as vendas de caminhões. O motivo desse otimismo eram as medidas de incentivo à economia. Para ele, o problema estava na falta de encomendas, que sem mantém em baixa, maior ainda do que registrada no mês passado, já que os licenciamento recuaram desde janeiro de 19,3% para 22%. Em comparação entre o mesmo mês do ano passado, setembro de 2012 apresenta baixa mais expressiva, 42,9% de queda.

Os licenciamentos de caminhões no ano somam 101.318 unidades (8.540 no mês passado). Nos ônibus, as vendas alcançaram 21.836 veículos no acumulado deste ano (1.874 em setembro), queda de 13,4% desde janeiro e de 40% na comparação com o mesmo período entre o mesmo mês de 2012 e 2011.

As nove companhias associadas à entidade encerraram setembro 99.084 unidades vendidas, volume 23,3%% menor que no ano passado. A MAN continua na liderança, com 30.770 unidades no ano (2.424 em agosto). A Mercedes-Benz segue na vice-liderança, com 25.798 veículos (quase alcança a líder em setembro, com 2.298); a Ford está em terceiro lugar com 16.497 caminhões emplacados (1.562 veículos nos 30 dias de setembro), a Volvo aparece em quarto lugar, com 10.606 unidades (913 no mês passado), a Iveco está em quinto lugar, com 7.641 caminhões novos (621 veículos em setembro) e a Scania segue em sexto lugar, com 7.046 caminhões emplacados (459 no mês passado).

Regime Automotivo

Belini, que também é o executivo chefe da montadora Fiat, avaliou o novo regime automotivo, divulgado pelo governo federal na semana passada, como transformador e que se trata de uma política de longo prazo. Para o executivo, os incentivos que serão concedidos pelo governo devem transformar o Brasil em um grande polo de tecnologia e de produção de veículos. Além disso, afirmou que esses inventivos devem chegar naturalmente ao consumidor por meio de um aumento da competitividade das empresas.

Entre os motivos para mais uma dose de otimismo acerca do mercado nacional ele afirmou que o mais novo plano de ajuda do governo ao setor elevará a e escala as fábricas e com isso, terá mais competitividade. Aliadas à inovação tecnológica, aumentará a participação das empresas brasileiras no mercado internacional. Mas ele não quis falar sobre os preços dos veículos, um dos mais caros do mundo.

É justamente nesse ponto que especialistas discordam do executivo, pois os incentivos ao aumento da tecnologia tem um custo e esse custo para ser embarcado nos veículos nacionais chegará ao consumidor final.

O Inovar-Auto é o nome do novo regime automotivo brasileiro, que vale entre 2013 e 2017. O plano prevê que as montadoras brasileiras terão benefícios fiscais maiores caso invistam mais em tecnologia automotiva. A previsão é de que o plano deve incentivar uma elevação nos investimentos da indústria de veículos brasileira para um volume entre R$ 50 bilhões e R$ 60 bilhões de reais até o final de sua vigência, estimou a  Anfavea.

Mas para receber os benefícios há uma longa lista de condições para que montadoras já instaladas no país, novos entrantes e importadores de veículos atendam. Entre elas, elevar o nível de investimento em pesquisa e desenvolvimento, engenharia, redução de consumo de combustível e compras regionais de componentes e ferramentas. A melhoria mínima cobrada pelo governo na eficiência energética dos veículos é de 12% em 2017.

Enquanto isso, o volume de veículos produzidos em setembro caiu de 329,3 mil para 282,5 mil veículos, um recuo de 14,2%. Já no acumulado do ano, a indústria automotiva registra produção de 2,337 milhões leves, 5,7% menos do que no ano passado. As posições das quatro maiores montadoras, Fiat, Volkswagen, General Motors e Ford, respectivamente, não foram alteradas.

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