Mercado Livre luta contra frete mais caro no Brasil, enquanto lança entrega grátis na Argentina

Publicado em
05 de Março de 2018
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Empresa argumenta que aumento dos Correios chega a quase 30%, maior que o divulgado

A maior empresa de comércio eletrônico da América Latina está combatendo os aumentos nos fretes dos Correios no Brasil — e se prepara para elevar os próprios preços se perder a batalha. O movimento ocorre no mesmo momento em que lança o projeto de entrega grátis na vizinha Argentina.

O Mercado Livre está negociando com os Correios a suspensão do aumento de preço, programado para entrar em vigor em 6 de março. O incremento é de 29%, em média, disse Sean Summers, vice-presidente de mercado da empresa. Apesar de os Correios terem afirmado em comunicado, em 27 de fevereiro, que o aumento médio será de 8%, o executivo disse que os números gerais são mais elevados dependendo das rotas. Os Correios não forneceram detalhes a respeito dos aumentos em rotas individuais.

O Mercado Livre está negociando com os Correios, mas se não houver acordo nos próximos dias, o Mercado Livre elevará os preços para os clientes já na segunda ou na terça-feira, disse Summers. A vendedora on-line de materiais esportivos Netshoes também entrou nas negociações, disse. A Netshoes não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

— Não quero aumentar os preços, porque isso prejudica o desenvolvimento do comércio eletrônico e de meu negócio. Mas se não pudermos resolver o problema, não teremos escolha — disse Summers. — É um aumento abusivo, que acabará sendo pago por compradores e vendedores. Esse comportamento é típico de um monopólio.

Summers observou que os Correios têm grande domínio das entregas no Brasil. Um relatório do Goldman Sachs pontuou que um aumento médio de 8% no preço reduziria o Ebitda ajustado consolidado do Mercado Livre em 15% em 2018. Um aumento médio de 29% teria “um impacto substancial na lucratividade”, destacou um relatório anterior.

NA ARGENTINA, FRETE GRÁTIS

A disputa se dá em meio ao lançamento da política de frete grátis da empresa na Argentina. O Mercado Livre investirá 1 bilhão de pesos (US$ 49,6 milhões) neste ano para subsidiar as entregas no país, valor que pode subir dependendo do aumento das vendas, disse Summers. A política, iniciada no México no começo de 2017 e lançada no Brasil, no Chile e na Colômbia, gerou um aumento médio de 30% no número de compradores em toda a região, disse Summers. Faz parte também de um programa de pontos de fidelidade que futuramente permitirá retornos grátis e descontos, acrescentou Rocío Jalil, diretora do MercadoPuntos.

O transporte gratuito é uma das iniciativas da empresa voltadas à expansão da participação de mercado em meio aos preparativos da Amazon.com para se expandir no Brasil, adicionando um mercado de eletrônicos à livraria on-line. O MercadoLibre obtém 60% de suas receitas no Brasil.

A política, no entanto, continua pressionando os lucros. A margem bruta caiu para 47% no quarto trimestre, contra 64% no mesmo período do ano anterior. Mas a iniciativa parece estar gerando resultados. A receita brasileira cresceu 82% em dólares, impulsionada pelo frete gratuito e pelo programa de fidelidade. Os resultados da empresa têm sido tão notáveis que o JPMorgan elevou o preço-alvo da ação para US$ 500, contra um máximo de US$ 270 em Wall Street, prevendo crescimento substancial das vendas brutas e das operações de crédito e pagamentos.

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