Mercado aquecido para fusões e aquisições

Publicado em
29 de Novembro de 2010
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O volume de operações de fusão e aquisição de empresas pode acelerar no próximo ano. Há um mito no mercado que essas negociações acontecem apenas entre grandes companhias, mas as pequenas e médias empresas vêm tendo uma participação cada vez maior. No Paraná, a tendência é que nos setores de alimentos, saúde e construção civil ocorram mais negócios neste sentido. O Estado já é o terceiro em movimentação de abertura, fechamento e alteração contratual em Juntas Comerciais. São Paulo tem a liderança com 38% da movimentação total, seguido de Minas Gerais (11%) e Paraná com a fatia de 6,9%. Os dados são do Departamento Nacional de Registro de Comércio.

Geralmente, os pequenos empresários acham que este tipo de operação 'não cabe no bolso'. Mas, o sucesso depende de uma boa estratégia inicial e da valoração mínima da empresa. 'Às vezes, o próprio dono da companhia não é o melhor vendedor porque pode levar junto o componente emocional para a negociação', disse o advogado Ricardo Becker, do escritório Becker, Pizzatto & Advogados Associados, especializado na área. Ele defende que a empresa tenha uma estrutura mínima para evitar problemas, como responder por passivos após a venda.

Outra missão considerada difícil é chegar ao preço de venda de uma companhia. 'A companhia vale mais que o patrimônio que possui. A valorização econômica está dissociada da valorização patrimonial e depende também do que a marca pode gerar de caixa futuro', explicou.

Antes de iniciar o processo é preciso preparar a empresa para evitar perder valor na hora da venda. Independentemente de haver a previsão de venda, manter a empresa sempre organizada mostra que a corporação tem algo fundamental que é a 'governança contábil'.

A organização para uma possível venda também passa pela preparação psicológica dos proprietários. Pontos que geralmente são considerados críticos são as questões trabalhista e tributária que devem estar equacionadas e mapeadas antes de iniciar um processo de venda. O objetivo da preparação é agregar valor ao negócio.

Ele destaca que as fusões podem trazer alguns benefícios para as empresas como o crescimento rápido para novos mercados e o aumento de oportunidades. Em algumas situações a empresa tem capital mas, às vezes, falta o recurso financeiro que pode vir de outra companhia. Em outras situações, a venda é uma questão de sobrevivência.

Essas operações podem ajudar a eliminar conflitos familiares e societários, trazer tecnologia e conhecimento. O advogado defende a profissionalização das empresas familiares, ou seja, a presença de 'outras mentes'.


Aumento ligado à estabilidade

É evidente que as fusões e aquisições trazem riscos Por isso, é recomendado realizar uma verificação mínima da empresa antes de efetuar a transação no momento da compra Em algumas situações, quando a fusão pode representar concentração de mercado em um determinada área, o assunto passa obrigatoriamente por análise do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica)

De acordo com levantamento realizado pela consultoria KPMG, de janeiro a setembro deste ano foram realizadas 531 operações de fusão e aquisição de grande porte no Brasil O número supera o volume de negócios efetuados no mesmo período de anos anteriores Em 2009, foram 316 operações devido ao impacto da crise financeira No ano de 2008 ocorreram 523 negociações A maior parte dos negócios desteano aconteceu nas áreas de tecnologia de informação (72) e na de alimentos, bebidas e fumo (32)

O advogado Ricardo Becker acredita que o aumento do número de operações em 2010 está ligado ao crescimento da economia, ao posicionamento mais equilibrado do Brasil no cenário nacional e internacional, à estabilidade política, ao crescimento da demanda interna e a migração das classes D e E para a classe C A desvalorização do euro também tem sido responsável por trazer mais recursos para o Brasil (A B )

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