Megatranz projeta crescimento, mas aponta entraves do setor

Publicado em
13 de Julho de 2010
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Embora não informe os números de faturamento, em 2010 a Megatranz, especializada em transporte multimodal de cargas superpesadas, projeta crescer cerca de 40% em relação ao último ano. Segundo a própria empresa, só o volume do faturamento no primeiro semestre deste ano já alcançou o registrado ao longo de 2009.

Mesmo assim, o diretor-presidente da companhia, Henrique Zuppardo, revela que ainda há entraves que prejudicam a atuação das empresas do segmento de transporte de cargas superpesadas no país. "Sofremos com a falta de regras bem definidas para este tipo de operação, para que todos os envolvidos (transportadores, órgãos públicos, concessionárias rodoviárias e concessionárias que têm cabos aéreos sobre as vias) saibam quais são as suas responsabilidades, direitos e deveres", alerta.

Ao se deparar com estas dificuldades, o executivo explica que a Megatranz tem buscado defender os seus direitos, principalmente quando há alguma discussão de ordem técnica. "Quando não há diálogo com as concessionárias rodoviárias, principalmente, temos solicitado a intervenção das Agências Reguladoras em âmbito Federal e Estadual", explica Zuppardo, ressaltando que as intervenções têm obtido sucesso, tendo em vista uma série de arbitrariedades unilaterais adotadas por algumas concessionárias que, segundo ele, agem de forma diferente do contrato de concessão em relação ao usuário/transportador de cargas pesadas.

Como sugestão para superar este tipo de problema, o diretor-presidente da Megatranz aponta que o DENATRAN - Departamento Nacional de Trânsito deveria criar uma regulamentação em nível nacional das dimensões e distribuição de peso por eixo para o transporte de cargas excepcionais e superpesadas, como ocorre em outras especialidades de transporte.

Já aos órgãos públicos que têm a jurisdição nas vias, como DNIT - Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, DER - Departamento de Estradas de Rodagem do Estado de São Paulo e CET - Companhia de Engenharia de Tráfego, por exemplo, caberia estabelecer as condições operacionais de trânsito, evitando, assim, as divergências existentes, havendo uma regra clara a todos os envolvidos.

Além dos gargalos operacionais, que com um pouco de boa vontade podem ser resolvidos, na visão de Zuppardo há também a necessidade de se investir em infraestrutura nos próximos anos. Nesse sentido, no entanto, ele se mostra mais esperançoso, por conta principalmente da Petrobras e de acontecimentos como a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016.

"Com os PACs - Programas de Aceleração do Crescimento do Governo Federal, nos quais constam investimentos nas áreas de energia, por meio da construção de usinas hidroelétricas, termoelétricas e termonucleares; exploração de óleo e gás, através das plataformas offshore de petróleo; ampliação e construção de novas refinarias, etc., estamos otimistas em relação à demanda de transporte de cargas superpesadas que haverá nos próximos dez anos", admite.

Na outra ponta dos investimentos ele revela que as transportadoras de cargas superpesadas têm apostado na aquisição de uma nova geração de equipamentos transportadores com tecnologia de ponta e presente em pouquíssimos países, mesmo do primeiro mundo. "Estes investimentos têm trazido benefícios de melhor distribuição por eixo, segurança na frenagem e outros elementos imprescindíveis no atual estágio em que se encontram as rodovias brasileiras", salienta Zuppardo.

Por parte da Megatranz, neste ano cerca de R$ 15 milhões estão sendo investidos na aquisição de módulos hidráulicos para a movimentação de cargas sobre rodas, com destaque para os módulos de quatro e seis eixos. A companhia, que atualmente tem uma frota de 110 eixos, pretende totalizar algo em torno de 200 até o final do ano, e já está trabalhando nesse objetivo.

Transporte de carga de 473 toneladas

Recentemente, em operação contratada pela Oxiteno Nordeste (Fone: 71 3634.7777), a Megatranz concluiu o transporte internacional porta a porta de dois reatores com peso total de 473 toneladas e 22 metros de comprimento, além de duas colunas com peso unitário de 245 toneladas e 42 metros de extensão.

As cargas saíram do Japão e de Taiwan, respectivamente, e foram entregues na Base Naval de Aratu, BA, de onde seguiram por transporte rodoviário até o Polo Petroquímico de Camaçari. Segundo a Megatranz, devido às dimensões da carga, foi preciso estabelecer algumas medidas de adequação geométrica e, principalmente, de viabilidade estrutural das diversas pontes e viadutos existentes ao longo do percurso de 43 km, que separa a Base Naval de Aratu das instalações da Oxiteno.

"O planejamento de engenharia e preparação foi realizado conjuntamente entre os nossos engenheiros e os Órgãos de Trânsito e foi necessário um ano de estudos, análises técnicas e preparação de reforço estrutural para que fosse concluído", comenta Zuppardo, destacando que esta foi uma das cargas mais pesadas já transportadas no Brasil.

Neste tipo de operação, inicialmente, durante a pré-venda do transporte, é verificada qual será a melhor logística.

Após a confirmação pelo cliente, a equipe de operações da Megatranz executa o planejamento no qual são definidos os equipamentos transportadores e as providências necessárias para a obten-ção das AETs - Autorizações Especiais de Transporte, facilitando bastante a execução efetiva do transporte em questão.

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