Filas intermináveis de caminhões à espera de descarga de grãos nos portos. O ano de 2013 repete o de 2012 e o de 2014 repetirá o de 2013. Como sair desse círculo vicioso?
O problema é sério, mas boa parte pode ser resolvida rapidamente, diz Glauber Silveira, presidente da Aprosoja Brasil, associação que reúne produtores da oleaginosa.
As opções são rápidas e baratas. É só uma questão de inverter a logística. Em vez de fazer a soja e o milho do Centro-Oeste rodarem 2.000 quilômetros para chegar aos portos do Sul e do Sudeste --e congestioná-los--, o país deverá direcionar essa saída para o Norte e o Nordeste.
Para isso, o governo precisaria fazer investimentos para terminar a rodovia 163. A viabilização dessa rodovia faria com que já no próximo ano o país conseguisse desovar pelo menos 10 milhões de toneladas de soja pelos portos do Norte, principalmente por Santarém, no Pará.
Outra saída é pela rodovia 158 que, devidamente apta ao transporte, faria com que a soja fosse desovada para os portos de Marabá e de Itaqui.
Silveira acredita que, com pouco investimento do governo, pelo menos 30 milhões de toneladas de grãos estariam saindo por esses portos em dois ou três anos, desafogando o sistema engessado do Sul e do Sudeste.
Outra vantagem, segundo ele, é que o governo também não necessitaria fazer grandes investimentos, uma vez que parte desses portos é de propriedade privada.
O presidente da Aprosoja Brasil indica, ainda, uma outra saída de custos reduzidos. Uma rodovia de pequena distância entre Cáceres (MT) e porto Morrinho (MT), o que viabilizaria o escoamento de safra via hidrovia pelo rio Paraguai.
Outra saída para a redução do movimento de carga durante os primeiros meses do ano seria a ampliação da capacidade de armazenagem.
Silveira diz que só o Mato Grosso precisaria dobrar essa capacidade. A liberação de crédito, no entanto, é morosa e os bancos são reticentes na liberação de dinheiro.
Além de aliviar os portos, o aumento de armazenagem daria um controle maior aos produtores nas negociações de seu produto. Um silo para 6 mil toneladas demanda R$ 1,5 milhão, valor que seria amortizado em sete anos, diz Silveira.