Marcopolo corta quatro dias de trabalho por mês

Publicado em
24 de Outubro de 2013
compartilhe em:

Pela proposta da fabricante de carrocerias de ônibus, os dias parados não serão descontados

Com aprovação de 71% dos 5.086 votantes, índice acima do mínimo exigido de 62% para validação da proposta, os trabalhadores da Marcopolo, de Caxias do Sul, terão a jornada de trabalho reduzida em quatro dias por mês em novembro, dezembro e janeiro. A votação ocorreu na terça- feira, e o resultado foi divulgado ontem pelo Sindicato dos Metalúrgicos de Caxias do Sul. A definição dos dias que deixarão de ser trabalhados e da compensação futura caberá à empresa.

Pela proposta da fabricante de carrocerias de ônibus, os dias parados não serão descontados, mas compensados quando a produção retomar a normalidade. A medida atingirá a unidade de Ana Rech, responsável pela produção de modelos rodoviários, de micro-ônibus e de urbanos especiais, como articulados e BRTs. Também incluirá pequeno número de funcionários da unidade Planalto, que concentra a produção dos veículos Volare.

Além da flexibilização, a empresa já havia decidido conceder férias coletivas no período de 21 de dezembro a 2 de janeiro, que estão mantidas. Esta parada visa a acompanhar as montadoras de chassis que, tradicionalmente, entram em férias coletivas no final do ano.

De acordo com Carlos Magni, diretor de recursos humanos da companhia, a medida foi proposta diante da queda na produção a partir de setembro. Até agosto, segundo ele, o mercado apresentava desempenho similar ao do ano passado. “No mês passado, houve indicação de viés de baixa, e nossas projeções para os próximos quatro meses não apontam para recuperação significativa”, explicou. A Marcopolo já adotou este sistema em 2009 em função da queda de demanda.

Magni reconheceu que a empresa está fazendo ajustes em seu quadro de pessoal, mas não na forma de demissões em grande número. Citou como principais ações a suspensão de contratações e a não recomposição do quadro, quando colaboradores pedem demissão. O Sindicato dos Metalúrgicos afirmou que homologou, em setembro, 200 rescisões de trabalhadores com mais de um ano de emprego.

O executivo observou que dois aspectos afetam, no momento, o setor de ônibus. As manifestações populares do meio do ano fizeram com que os municípios suspendessem os aumentos de tarifas ou até reduzissem os preços. Este quadro, de acordo com Magni, obrigou as operadoras de transporte urbano a cortar despesas para se adequarem à nova realidade. “Uma das primeiras medidas tomadas foi suspender compras de novos ônibus para renovação de frota, impactando a indústria.” As operadoras também estão agindo preventivamente para enfrentar o aumento nos preços dos combustíveis no fim de ano, já sinalizado pelo governo.

Adicionalmente, foi mantido o impasse na recente licitação para renovação das concessões das linhas interestaduais por parte do Ministério dos Transportes, que praticamente paralisou o processo de compras de novas unidades por parte dos operadores. A licitação, aguardada há anos, foi adiada por mais dois meses. “Sem saber se continuará com a concessão da linha, o operador também não está investindo na renovação da frota.”

Boletim Informativo Guia do TRC
Dicas, novidades e guias de transporte direto em sua caixa de entrada.