Máquinas chinesas já representam 12,2% das importações brasileiras

Publicado em
26 de Maio de 2010
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A China já representa 12,2% do total das importações de máquinas e equipamentos no Brasil, segundo balanço divulgado pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). O país asiático - que representava apenas 2,1% das importações em 2004 - é atualmente o terceiro maior fornecedor externo desses produtos ao Brasil, encostando na Alemanha, que respondeu por 12,7% do total importado nos quatro primeiros meses deste ano.

Os Estados Unidos lideram o ranking, com participação de 25,4%. No entanto, enquanto as compras de máquinas e equipamentos procedentes dos EUA e da Alemanha estão em queda, as importações com origem na China mostram crescimento de 51,2% neste ano. A expectativa é que a China supere a Alemanha nos próximos dois meses, afirmou Luiz Aubert Neto, presidente da Abimaq, durante apresentação dos resultados registrados pelo setor em abril.

Segundo ele, uma situação parecida começa a ser desenhada pelos produtos da Índia, que tinham participação insignificante nas importações brasileiras - apenas 0,2% em 2004 -, mas que hoje já respondem por 2,7% do total importado. Para Aubert Neto, além de fatores relacionados ao câmbio, o avanço das empresas de capital indiano ou chinês sobre diversos setores da economia brasileira ajuda a explicar esse movimento.

"Quando essas empresas precisam de componentes, compram diretamente do país de origem", disse o presidente da entidade, citando a participação da Índia no setor sucroalcooleiro, além do avanço da China no setor elétrico, com a recente compra de sete distribuidoras de energia pela estatal chinesa State Grid.

De janeiro a abril, as importações de máquinas e equipamentos atingiram US$ 6,737 bilhões, uma alta de 4,2% na comparação anual. Como as exportações somaram US$ 2,6 bilhões em igual período, o setor acumulou um déficit comercial de US$ 4,138 bilhões, 5,8% acima do saldo negativo dos quatro primeiros meses de 2009. A expectativa da Abimaq é que essa cifra supere US$ 12 bilhões até o fim do ano e fique acima do déficit comercial registrado pela indústria de máquinas e equipamentos em 2009, de US$ 11,146 bilhões.

Embora os resultados do comércio exterior ainda sejam desfavoráveis ao setor, a maior demanda no mercado interno garantiu, nos quatro primeiros meses do ano, um crescimento de 15,7% no faturamento dos fabricantes de bens de capital. Esse resultado é atribuído à recuperação da atividade industrial, junto com medidas do governo destinadas a reduzir custos com o financiamento de máquinas e equipamentos no âmbito do Programa de Sustentação do Investimento (PSI). "Não fosse isso, estaríamos bem pior", disse o presidente da Abimaq.

O dirigente ainda informou que os reajustes no preço do aço começarão a pressionar as margens nos próximos dois meses, com o fim de estoques dos insumos siderúrgicos. Parte desse aumento de custo terá que ser repassado, disse. De acordo com ele, o peso do aço na composição dos preços varia de acordo com o produto, podendo chegar a 80% nos casos de alguns implementos agrícolas.
 
Abimaq: setor de máquinas ainda tem 2 turnos ociosos   (O Estado do Paraná)   
 
O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Luiz Aubert Neto, afirmou hoje que, embora a entidade tenha apurado em abril crescimento de 4,4% no número de empregos e de 1,7% no Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci), não há motivos para euforia, porque os dados se referem apenas a um turno de trabalho. Ou seja, há ainda dois turnos ociosos.

"Eu me sinto enganado quando vejo na imprensa gente defendendo o aumento de juros para conter a demanda, quando há um ano estávamos para quebrar. Tivemos de demitir mais de 50 mil funcionários e há empresas no setor que registraram queda de até 50% do faturamento", disse Aubert, para quem não faz sentido, neste momento, medidas para conter o crescimento.

De acordo com o presidente da Abimaq, o que deveria ter sido feito para reduzir o consumo de bens duráveis, como os da linha branca, seria encolher os prazos de financiamento, que em alguns casos chegam a 36 meses. Para Aubert, se for reduzido o prazo, os valores das prestações aumentam, a demanda cai e não há necessidade de aumentar juros, o que encarece o custo do setor produtivo.
Aubert saiu ainda em defesa do governo e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) - que, segundo ele, tem sido vítima de críticas por estar aumentando os gastos públicos ao conceder financiamentos para investimentos. "Esses financiamentos serão pagos e, não fosse o Programa de Sustentação do Investimento (PSI), do BNDES, estaríamos aqui chorando gotas de sangue", disse.
Lobby
Aubert afirmou que é necessário combater a inflação, mas ponderou que defender a elevação da Selic (a taxa básica de juros da economia) ao nível de 13% ao ano, como alguns analistas vêm fazendo, é expressão de um lobby do setor financeiro. Segundo ele, é preciso discutir quais são os interesses "desses soldados" do setor.
Para o presidente da Abimaq, não tem cabimento o Brasil estar entre as economias que têm as maiores taxas de juros do mundo e um índice de investimento - Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) - que não ultrapassa 19% do Produto Interno Bruto (PIB). Aubert afirmou que a cada 1 ponto porcentual de aumento da Selic é transferido do setor produtivo para o financeiro algo entre R$ 13 bilhões e 14 bilhões. "Ninguém é contra o câmbio flutuante, por exemplo, mas dá para falar em câmbio flutuante com a taxa de juros mais alta do mundo?", questionou.
Aubert acrescentou que há outras formas de combater a alta de preços, além do aumento de juros. Segundo ele, se uma siderúrgica quiser elevar o preço do aço, pode-se recorrer à importação para evitar o repasse do aumento ao restante da economia. De acordo com o presidente da Abimaq, o preço do aço brasileiro chega a ser 30% mais alto do que o alemão, por exemplo.
Quanto ao aumento do aço anunciado há alguns meses - em alguns casos de até 100% -, o repasse para o setor de máquinas e equipamentos, segundo Aubert, deverá ocorrer no prazo de um ou dois meses. O aumento só não foi repassado até agora porque o setor estava com estoques elevados na data do anúncio.
O presidente da Abimaq sugeriu que se faça uma reforma financeira no País, uma vez que o setor produtivo não tem como se sustentar com taxas de juros tão elevadas. Segundo ele, o Brasil é o único lugar do mundo onde se garante o rendimento da caderneta de poupança de 6% ao ano livre de impostos. "Temos de mexer nisso. Alguém tem de tomar coragem para mudar essa situação", disse.

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