Mais fiscalização de peso gera economia na manutenção de pavimento

Publicado em
15 de Agosto de 2013
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Uma fiscalização mais rigorosa do peso transportado pelos veículos de cargas pode gerar, em 20 anos, uma economia de aproximadamente R$ 2,1 bilhões, referente ao custo de manutenção dos cerca de 220 mil quilômetros de estradas brasileiras pavimentadas. Os números foram apresentados por João Fortini Albano, doutor em Sistemas de Transportes e Logística, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), durante a plenária de pesagem dinâmica de cargas líquidas e granéis sólidos, apresentada na tarde ontem no Congresso Brasileiro de Rodovias & Concessões (CBR&C), que acontece em Santos-SP.

Albano usou como base – além de levantamentos já estabelecidos, que levam em conta um sobrepeso de 20% na carga para medir a vida útil do asfalto –uma pesquisa de campo realizada na BR-386, que liga Canoas (na região metropolitana de Porto Alegre-RS), à Iraí (no extremo noroeste do estado), e apontou uma diminuição de 23% da vida útil do asfalto no trecho em que não há uma rígida fiscalização do peso. Em relação ao custo, observou-se uma economia de até 45% na manutenção do trecho fiscalizado. “Se toda a rede rodoviária brasileira estivesse protegida por um sistema de pesagem, teríamos uma economia de quase R$ 2,1 bilhões. Esse custo vai ser pago por todos os usuários, no caso das rodovias pedagiadas. Nas vias que não têm concessão, o prejuízo vai para o bolso dos demais contribuintes, mesmo aqueles que não usam”, ressaltou Albano.

Na palestra Utilização de Pesagem em Movimento na Detecção de Sobrepeso – Autuação e Pagamento de Pedágios – o diretor geral da americana Kistler, Nicholas Wilks, demonstrou a aplicação do Quartz Linear WIM Systems e destacou a importância da pesagem dinâmica. “Com o sobrepeso, o caminhão precisa de mais distância para frenar. Além disso, tem mais desgaste, perde estabilidade e aderência, o que pode ocasionar mais acidentes”, explica Wilks, que destacou o fato de o Quartz Linear WIM poder ser usado tanto em uma fiscalização preventiva, quanto em uma fiscalização direta. A diferença é que, na primeira, o caminhão infrator não será autuado imediatamente, mas pode gerar uma vistoria posterior na frota da empresa. No segundo caso – que tem custo de implantação mais elevado – a autuação é direta.

O WIN também pode ser aplicado em um sistema de pedágio por peso. Neste caso, Nicholas explica que o fator dano à rodovia será aplicado por quilômetro rodado e tem uma relação direta ao dano causado pelo peso do veículo. Estudos da implantação do sistema da empresa no Chile mostraram que, para cada U$ 1 milhão gasto em fiscalização, economiza-se U$ 20 milhões em manutenção.

Fiscalização

O coordenador geral de Operações Rodoviárias do DNIT, Romeu Scheibe Neto, encerrou a plenária com a palestra Ações do Governo Federal para Controle do Excesso de Peso.

Segundo Scheibe, existem, hoje, 73 postos de pesagem em todo o Brasil – 42 fixos, que atuam 24 horas por dia, e 31 móveis, com funcionamento de 8 horas por dia – o que possibilitou, só em 2013, a fiscalização de 6 milhões de veículos e a autuação de 5,92% deles (359).

Para um melhor controle, Scheibe acredita ser necessária a implantação de 94 novos postos fixos e 67 móveis, além da modernização dos já existentes. "O processo atual de fiscalização é lento e pouco eficiente. Muitos veículos ficam parados no pátio. E pátio cheio significa posto de pesagem paralisado. Queremos investir em melhorias nos postos porque queremos facilitar a vida de quem age corretamente e dificultar a vida de quem ache errado”, finalizou o coordenador.

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