Quase a totalidade das empresas exportadoras leva suas mercadorias até os portos, aeroportos e pontos de fronteiras por meio de rodovias. Pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que 91,6% das empresas utilizam a malha rodoviária para transportar os itens até o local de despacho para os países de destino. Um recorte de 3,8% das empresas utiliza o modal aéreo para o transporte interno das mercadorias e 2,9% usam o marítimo. Apenas 1,2% usa o ferroviário e 0,4%, o transporte fluvial.
Historicamente, o Brasil é o país que tem a maior concentração rodoviária de transporte de cargas e passageiros. Além disso, de acordo com o Índice de Competitividade Global 2018 do World Economic Forum (WEF), que compara 140 economias em diversos aspectos, o Brasil encontra-se no 84º lugar no quesito de infraestrutura do transporte, atrás de todos os demais parceiros do BRICS (além do Brasil, o grupo inclui Rússia, Índia, China e África do Sul) e de países como Namíbia, Quênia e Vietnã. As deficiências enfrentadas no Brasil nas áreas de logística e infraestrutura configuram-se como entraves para as vendas ao exterior.
Esse cenário é agravado pela decisão do governo de fixar um preço mínimo para o frete, como medida para pôr fim à greve dos caminhoneiros, em maio. Na avaliação da CNI, essa medida não apenas infringe o princípio da livre-iniciativa, como também cria um desarranjo completo no principal meio de transporte utilizado pelo setor produtivo brasileiro. Dados da CNI mostram que, com a medida, é estimado um aumento médio de 12% no custo do frete para a indústria.
“O tabelamento do frete atinge o coração das exportações. Além de não corrigir o problema de excesso de oferta de caminhões no mercado, a medida encarece ainda mais o transporte de cargas, reduzindo a competitividade dos produtos brasileiros no exterior”, afirma o diretor de Desenvolvimento Industrial da CNI, Carlos Eduardo Abijaodi.
Os dados constam da pesquisa “Desafios à Competitividade das Exportações Brasileiras”, realizada pela CNI em parceria com a Fundação Getulio Vargas (FGV). O estudo, o maior feito no Brasil, ouviu 589 empresas exportadoras entre outubro de 2017 e março de 2018 e apresenta um raio-X dos problemas que os empresários brasileiros enfrentam para poder vender bens e serviços para o exterior.
TRANSPORTE INTERNACIONAL – A pesquisa mostrou que, no transporte internacional, a partir da saída do Brasil, o modal marítimo é o principal meio empregado no transporte das mercadorias até os países de destino das exportações. Ao todo, 57,4% das empresas brasileiras usam navios para escoar sua produção.
O transporte aéreo fica em segundo lugar – é utilizado por 23,2% das empresas exportadoras. O transporte rodoviário fica em terceiro lugar, com 18,7%, e o fluvial, em quarto, com 0,6%.
Em relação ao transporte internacional, é possível notar algumas diferenças dependendo do porte e da região geográfica na qual a empresa se localiza. Quase 70% das empresas de grande porte usam o transporte marítimo para retirar a mercadoria do país, contra 57,4% na média de todas as empresas.
No corte regional, no Norte, Nordeste e Centro-Oeste, a dependência do modal marítimo para o transporte internacional é ainda maior – 72% das empresas usam navios para enviar as mercadorias aos mercados de destino.
Os números mostram também que o acondicionamento de carga geral por contêiner é a forma de transportar as mercadorias utilizada por 50,7% das empresas. Uma grande quantidade de empresas (28,4%) também envia mercadorias de forma individualizada, como carga geral solta.