Mais de 65% das rodovias federais estão em estado deficiente a péssimo

Publicado em
27 de Maio de 2010
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Os males das estradas brasileiras, apresentados nesta semana pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), não surpreenderam ninguém. Mas o fato de os problemas serem antigos levanta uma questão: será que eles nunca vão ter solução?

Em janeiro de 2002, o Jornal Nacional propôs a dois repórteres o desafio de mostrar a situação das principais estradas brasileiras entre Porto Alegre e Fortaleza e as mazelas nessas rodovias ficaram evidentes. São 350 quilômetros, mas nenhuma sinalização. Acostamento precário e asfalto sem manutenção. Para saber o que tem na placa, o motorista tem que procurar.

Voltamos à estrada em janeiro de 2005: asfalto ruim, acostamento estreito e esburacado, curvas mal projetadas. E em dezembro de 2007: praticamente impossível desviar dos buracos, no escuro, eles são mesmo armadilhas.

Oito anos e meio depois da primeira reportagem, um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, um órgão do Governo Federal, mostrou que ainda há muito por ser feito. Para dar às rodovias brasileiras a qualidade desejável, seriam necessários investimentos de mais de R$ 183 bilhões. O estudo também aconselhou o governo a entregar mais rodovias para a iniciativa privada administrar.

Hoje, 9% das rodovias brasileiras pavimentadas estão nas mãos da iniciativa privada. A média mundial é de 2%.O trecho da BR-040 que liga Juiz de Fora ao Rio de Janeiro é um exemplo. O motorista paga pedágio em três trechos: R$ 22,50, no total. Mas a rodovia oferece asfalto de qualidade, sinalização perfeita e socorro permanente aos motoristas. A mesma BR-040, que liga Juiz de Fora a Belo Horizonte, vive realidade oposta: o asfalto é ruim, não há acostamento e nem mureta de proteção.

Um estudo da Confederação Nacional dos Transportes, citado na pesquisa do Ipea, mostra que mais de 65% das rodovias federais estão em estado deficiente a péssimo.

"Falta manutenção, conservação. Precisa-se ter mais fiscalização nas estradas com essas obras que têm sido realizadas" declarou o vice-presidente da CNT, NILTON GIBSON.

Para o doutor em engenharia de transportes, Joaquim Aragão, ainda há no Brasil uma distância entre o que se planeja e o que se faz. "Nós temos realmente desafios muito grandes na parte de infrestrutura. O transporte nunca deixou de ser uma preocupação nem no governo passado, nem desse governo, isso é verdade. Agora, uma coisa é realmente ser preocupação, outra coisa é ter capacidade de levar adiante os investimentos".

O ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, disse que o governo vai buscar mais parcerias com o setor privado e que aumentou cinco vezes o dinheiro aplicado para manter as rodovias e investir em novas construções, mas pediu tempo para resolver o problema.

"Não se pode resolver uma escala de investimentos dessa proporção de uma só vez. Eles têm que ser trabalhados de forma continuada observando-se evidentemente as prioridades, o que deve ser feito primeiro e o que deve ser feito depois".

Na última terça, o Departamento Nacional de Infraestrura de Transportes (DNIT) declarou que ainda precisaria de mais cinco anos para que a maior parte das rodovias federais ficasse em boas condições.

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