Maersk elevará em 30% preços do frete na América Latina

Publicado em
21 de Maio de 2012
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A Maersk Line, companhia líder de transporte marítimo de contêineres, vai aumentar em 30% os preços do frete para todas as rotas na América Latina, em função dos custos elevados dos combustíveis, do aço, de terminais e de contêineres, disse um alto executivo da companhia. O presidente da empresa na América Latina, Robbert Jan Van Trooijen, afirmou que os preços dos combustíveis subiram 250% nos últimos cinco anos enquanto as tarifas praticadas pela Maersk Line caíram mais de 10% no mesmo período.

"A indústria como um todo está perdendo dinheiro, assim como o retorno ficou abaixo do custo de capital por cinco anos", explicou o executivo.

A Maersk Line obteve prejuízos nos últimos dois trimestres consecutivos por conta do excesso de capacidade nas rotas comerciais que levou as tarifas de frete para níveis insustentavelmente baixos. O negócio da contêineres do grupo Maersk teve prejuízo de 2,88 bilhões de coroas em 2011, e o grupo prevê maiores perdas neste ano em consequência do excesso da capacidade.
"Nossa principal meta é garantir que os clientes continuem desfrutando da mesma qualidade dos serviços que nos tornou a companhia líder mundial de transporte marítimo de contêineres, mas o modelo de negócios também precisa fazer sentido para a empresa", disse. "Com o aumento dos preços, estamos focados em fortalecer as rotas existentes e garantir uma base saudável para continuarmos os investimentos na região".

Investimento

Segundo Trooijen, a América Latina tem importância crucial para a Maersk. O grupo, que mundialmente atua também na área de portos, logística e petróleo, além de indústria naval e transporte marítimo, está investindo US$ 8,3 bilhões na região, dos quais US$ 6,9 bilhões serão aplicados no Brasil.

Deste total, cerca de US$ 3 bilhões estão destinados exploração de óleo e gás e aquisições no Brasil, afirmou ele, sem dar detalhes - Trooijen está mais ligado ao setor de transporte de contêineres na empresa. A companhia investiu US$ 1,26 bilhão no FPSO (tipo de plataforma de petróleo flutuante) Maersk Peregrino, na bacia de Campos; e US$ 450 milhões no seu terminal no Porto de Santos, que fica pronto no próximo ano.

Além disso, a empresa comprou e 16 novos navios SAMMAX (South America Max), para atuar na costa brasileira, por US$ 2,2 bilhões.


Maersk Line investe US$ 2,2 bi em 16 navios que vão atender o Brasil (Valor Econômico)

Até 2013, a dinamarquesa Maersk Line terá concluído a renovação da frota de navios de contêineres que servem o Brasil. A empresa tem em curso desde 2011 um programa de investimentos de US$ 2,2 bilhões que contempla a entrega de 16 novos navios. Desse total, dez estão em operação entre a Costa Leste da América do Sul, a Ásia e a Europa. A previsão é de que os outros seis navios, todos pertencentes à classe Sammax (iniciais de South America Max), comecem a operar até o início do próximo ano.

Os Sammax são importantes na estratégia da Maersk de garantir economia de escala, disse Robbert Jan van Trooijen, presidente da Maersk Line para a América Latina. "Vemos o investimento de US$ 2,2 bilhões nos navios como um investimento para o Brasil", diz Trooijen. Os novos navios, com capacidade de 7,5 mil TEUs (contêiner equivalente a 20 pés), estão substituindo parte da frota em operação. Mas a Maersk, a maior empresa de navegação do mundo no transporte de contêineres, não vai aumentar a capacidade total de sua frota na região. Isso porque as novas embarcações vão substituir parte da frota da Maersk hoje em operação na costa leste da América do Sul, composta por 33 navios.

Segundo Trooijen, o planejamento da nova série de embarcações, encomendadas a estaleiros na Coreia do Sul, começou em 2007. A renovação da frota é acompanhada de um esforço da Maersk em melhorar o retorno financeiro de rotas-chave, caso da América Latina, região na qual a empresa tem 15% de participação de mercado. No Brasil, a Maersk foi a terceira no ranking na navegação de longo curso, entre operações de exportação e importação, em 2011, com um market share médio de 11%.

A Maersk vem fazendo um trabalho para aumentar os preços dos fretes como forma de tornar o negócio novamente rentável. A alta de custos tem levado as empresas de navegação de contêineres a registrar prejuízos. No primeiro trimestre, a Maersk Line registrou prejuízo de US$ 599 milhões. Na política de recomposição de preços, a empresa já anunciou ao mercado novas tarifas que devem entrar em vigor em junho.

O frete para carga seca e refrigerada na rota intra-Américas, que inclui o Brasil, outros países latino-americanos e do Caribe, Canadá e Estados Unidos, vai aumentar US$ 100 por TEU a partir de 11 de junho. No dia 15 do mesmo mês, haverá aumento de US$ 500 por TEU para cargas na importação da Ásia. E na rota de exportação do Brasil para a África Ocidental o aumento será de US$ 200 por contêiner a partir de 1º de junho.

Esses reajustes dão continuidade a um movimento que começou em março e prosseguiu em abril. Os reajustes variam de acordo com a linha e os clientes, mas, em média, ficam em cerca de 30%. Os aumentos buscam compensar a alta de custos, em especial do combustível de navegação, que representa mais de 40% dos gastos das empresas de navegação. No primeiro trimestre, o bunker (o combustível usado nos navios) atingiu US$ 710 por tonelada, com alta de 9% sobre os US$ 652 por tonelada do trimestre anterior, de acordo com a Alphaliner, publicação especializada no setor.

No primeiro trimestre, porém, os aumentos nos fretes ainda não se refletiram nos resultados financeiros da Maersk. A expectativa é de que isso ocorra a partir do segundo trimestre do ano.

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