Logística terá aportes de R$ 20 bi em 5 anos

Publicado em
26 de Março de 2010
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O otimismo vivido pelo setor de logística no mercado interno, que cresce a galope em termos de demanda e cerca de três vezes mais que o Produto Interno Bruto (PIB), é confirmado pelo estudo realizado pela AWRO Logística e Participações, do empresário Antonio Wrobleski Filho. Segundo o levantamento, o setor deve atrair R$ 20 bilhões em investimentos privados nos próximos cinco anos. E o termômetro desse momento de bons negócios poderá ser acompanhado na maior feira de transporte de carga, logística e comércio internacional das Américas, a 16ª Intermodal South America, que acontece entre os dias 6 e 8 de abril no Transamérica Expo Center.

O evento prevê reunir 500 expositores, 50 a mais que em 2009, com eventos inéditos, como o Infra-Portos, o Intermodal Connection e o Intermodal Solutions. A feira contará com 28 mil metros quadrados este ano. Uma das expositoras será a empresa aérea de transporte de carga ABSA Cargo, que disponibilizou um espaço de 60 metros quadrados, além de participar do Fórum de Soluções, juntamente com a empresa americana Boeing, sobre o desempenho esperado do setor de carga aérea para os próximos anos.

A TNT Brasil contará com uma área de 100 metros quadrados e um investimento de aproximadamente R$ 200 mil na criação do seu espaço exclusivo, que também terá a Expresso Araçatuba, adquirida recentemente, e a Expresso Mercúrio pertencentes ao grupo.

Com o objetivo de alavancar os negócios, a feira, embora tenha 2 mil metros quadrados a mais que no ano passado, a pretende atrair o mesmo numero de visitantes da edição anterior - 45 mil. "Aumentamos o tamanho da feira para que seja mais atraente aos visitantes, e este ano primaremos pela qualidade", comentou Bárbara Nogueira, gerente da Intermodal, realizada pela United Business Media (UBM).

Eventos - Na feira, o ministro da Secretaria Especial de Portos (SEP), Pedro Brito, participará, no dia 6, do encontro Infra-Portos, uma das grandes novidades do evento deste ano. Ele apresentará o projeto "Porto Sem Papel", cujas principais metas são reduzir em 25% o tempo de estadia das embarcações nos portos e melhorar em 60% as operações portuárias. O projeto é um documento virtual único que será utilizado para processar e distribuir, em tempo real, as informações utilizadas para o funcionamento do setor. Brito também falará sobre as obras previstas pelo Plano de Aceleração e Crescimento (PAC), sobre a modernização dos portos e o Plano Nacional Estratégico dos Portos. Nesse encontro, também serão debatidos a operação dos contêineres, o Plano Nacional de Logística e Transporte e a estratégia portuária brasileira.

Outra novidade será o Intermodal Connection, com palestras sobre as relações comerciais entre o Brasil e seus principais parceiros comerciais. Estarão presentes a Câmara de Comércio Argentino-Brasileira de São Paulo, a Câmara Brasil-China e a Câmara Americana de Comércio.

Na Intermodal Solutions Fórum, palestras gratuitas serão o destaque que a feira disponibilizará aos visitantes. No programa serão abordados temas como o perfil do profissional de logística, soluções para negociar com o Mercosul e com o mercado comum europeu, além de sustentabilidade em empreendimentos logísticos, entre outros.

Nesta nova edição da Intermodal haverá 50 novos expositores, dentre eles a empresa alemã de logística Dachser, o Ministério da Economia, Infraestrutura e Transporte de Tecnologia da Baviera (Alemanha), a Gross Cargo, empresa brasileira de agentes de carga, e a Racional, empresa de engenharia e logística.

Expositores - Outras companhias mais tradicionais lá estarão, como a TNT Brasil, que participa do evento pela quarta vez e que irá alugar uma área para expor o seu caminhão. "A empresa está investindo alto para atrair bons negócios no setor. Queremos mostrar a diversidade de produtos que oferecemos aos nossos clientes", comentou o diretor de Marketing da empresa, Ricardo Gelain.

Segundo Gelain, a TNT Brasil pretende reforçar a campanha de entrega rodoviária expressa, que consiste em entregas levadas por rodovia a países da América Latina, a custo mais baixo e em tempo similar ao da entrega aérea. "Esse é um produto inovador, e queremos atrair players de outros países com o custo mais baixo", finalizou Gelain.

A empresa ABSA Cargo acredita que, por conta da crise global que afetou o mundo ano passado, a redução do fluxo de carga aérea foi um dos reflexos mais visíveis da tensão causada nesse segmento nos últimos meses. Entretanto, a empresa crê que este cenário já está bastante recuperado e pretende abordar esse assunto no evento conjunto com a Boeing, no Fórum de Soluções criado este ano pela feira.

A gigante do setor Hamburg Süd, que também detém a empresa Aliança Navegação e Logística, contará com um espaço de 200 metros quadrados e aproveitará a exposição no evento para estreitar o relacionamento com clientes e divulgar ao mercado os serviços que oferece.

Nova parceria - Para reduzir custos na área de logística, o grupo São Martinho e a Rumo Logística, braço logístico da Cosan S.A., anunciaram esta semana parceria em um projeto de embarque e transporte ferroviário de açúcar do interior de São Paulo até o Porto de Santos que irá reduzir os custos logísticos de transporte da commodity em cerca de 20%. O potencial da parceria é de embarque e transporte de 2 milhões de toneladas de açúcar na safra 2011/12.

Segundo o presidente do Grupo São Martinho, Fábio Venturelli, o acordo prevê a utilização do terminal de embarque de açúcar da São Martinho - localizado na linha férrea da ALL, parceira da Rumo - existente na região de Ribeirão Preto (SP) para fazer a captação do açúcar produzido na região. O terminal da São Martinho tem capacidade de armazenagem estática de 220 mil toneladas, 10% do volume anual esperado. Além disso, tem um pátio com espaço para cerca de 100 vagões ferroviários.

Déficit de armazenagem pode chegar a 20 mi de toneladas  (DCI)

Enquanto o setor agrícola comemora a segunda maior produção de grãos no Brasil, produtores e instituições relacionadas principalmente ao milho esperam para 2011 graves problemas com a armazenagem, quando cerca de 20 milhões de toneladas podem ficar do lado de fora dos silos.

Atualmente, os entraves com a comercialização do grão, devido aos baixos preços, e a colheita recorde de soja, que deveria ocupar o lugar do milho nos armazéns, já têm mostrado que os depósitos brasileiros não comportam o volume a ser escoado.

Para Jason de Oliveira Duarte, pesquisador e economista agrícola da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o problema enfrentado hoje com a armazenagem do milho é apenas a ponta de um iceberg, que deve ganhar proporção maior no próximo ano. "O estoque de passagem de 2009 para 2010 está atrapalhando a questão da armazenagem. Se, no fim desta temporada, o estoque final de milho ultrapassar 10 milhões de toneladas será catastrófico", diz.

Segundo Duarte, a produção de soja e milho deste ano pode atingir os 120 milhões de toneladas. "O limite de armazenagem é de 110 milhões de toneladas".

De acordo com o último levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a safra de grãos de 2009/2010 deve se aproximar dos números da temporada 2007/2008, quando o País bateu recorde de produção com 144,1 milhões de toneladas. Para este ano, são esperados 143,9 milhões de toneladas, puxados pela soja, cujo volume previsto é de 67,57 milhões de toneladas. Já o milho, da primeira e segunda safra, deve render 51,38 milhões de toneladas.

Números da Conab apontam ainda um estoque de passagem inicial de milho de 11,210 milhões de toneladas e final de 8,149 milhões de toneladas. Já o estoque final da soja deve ultrapassar 4,7 milhões de toneladas.

Segundo Flávio Roberto de França Júnior, diretor de produção da Safras & Mercado, como neste ano, em 2011, o Brasil deve esperar grandes estoques de milho e soja somados à safras cheias. "As dificuldades com armazenagem vão piorar. Há dúvidas sobre a absorção do excedente de soja."

Para Júnior, pode haver de imediato uma aceleração das exportações de soja, mas não um aumento de comercialização externa. "Mesmo com a recuperação da economia mundial, boa parte da demanda já foi atendida pelos Estados Unidos", diz.

Quanto a comercialização internacional do milho, a Conab estima vender 8 milhões de toneladas. "Se não exportarmos tudo o que está previsto este ano, 2011 sofrerá as consequências", prevê o pesquisador.

De acordo com Duarte, além da boa safra norte-americana, os argentinos também devem ganhar destaque no ranking das colheitas recordes. "Precisamos ir atrás de importadores mais favoráveis ao nosso produto, como países da América Latina."

João Carlos Werlang, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), acredita que pode haver redução de área na próxima safra de milho, tanto por conta da falta de armazéns, quanto pelos rumores de que o governo vai reduzir o preço mínimo do milho. "A Abramilho não gostaria que isso ocorresse, mesmo porque temos tecnologia para produzir", diz.

Para Duarte, o produtor pode diminuir área na safra de verão para tentar compensar na safrinha, mas o pesquisador aposta na utilização de áreas marginais para a produção e uso de tecnologias antigas. "O setor precisa de políticas de incentivo ao preço do milho. Alguns financiamentos de produção, o governo federal já faz. Agora seria necessário favorecer a comercialização", afirma.

Segundo o presidente da Abramilho, o governo federal deveria ter estoque regulador do produto e garantir um preço mínimo.

Júnior e Duarte concordam que o País necessita de mais espaço para armazenagem. "Não importa como, o que precisa é incentivo neste sentido", afirma o pesquisador. De acordo com Júnior, o setor precisa de planejamento de longo prazo. "O que é carência histórica brasileira", diz.

Para o diretor, se o País almeja se tornar um grande player no comércio internacional, é preciso ter estrutura. "Reduzir área é contra a natureza do produtor e não ter onde guardar é um absurdo".

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