Logística ruim faz país correr risco de apagão de gasolina

Publicado em
07 de Novembro de 2012
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Até setembro deste ano, foram vendidos no Brasil 29,02 bilhões de litros de gasolina, uma média de 3,22 bilhões de litros por mês, 9,1% acima da média mensal do ano passado. Diante de um consumo crescente - que tem obrigado o país a importar cada vez mais - e de uma logística comprometida, o governo federal já começa a se mexer para evitar o desabastecimento, principalmente em novembro e dezembro, quando a demanda aumenta cerca de 10% em relação aos demais meses.

De acordo com o presidente da Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes (Fecombustíveis), Paulo Miranda, uma das soluções de curto prazo é a criação de um sistema de prioridade para a gasolina ser descarregada nos portos. "Gasolina tem, está sobrando nos Estados Unidos e Europa. Então, o problema não é faltar, mas fazer chegar até o consumidor", destaca Miranda.

Segundo ele, que também é presidente do Sindicato dos Postos de Minas Gerais (Minaspetro), já está na pauta de reuniões entre governo e distribuidores a criação de uma espécie de "fura-filas" dos navios que chegam com gasolina. "A logística é o maior problema, tivemos um caso há dois meses em Vitória (ES), quando um navio ficou três dias esperando para descarregar e faltou gasolina em quatro cidades do Espírito Santo", conta Miranda.

Em outubro, vários postos da rede BR ficaram sem gasolina na região metropolitana de Belo Horizonte e também em algumas cidades do interior, por problemas de distribuição. "As distribuidoras já estão investindo para evitar o desabastecimento dos postos, aumentando as frotas. Se falta gasolina em Minas Gerais, por exemplo, a distribuidora manda buscar em outra base, em outro Estado", destaca Miranda. Segundo ele, Minas corre menos risco de desabastecimento, uma vez que pode trazer de refinarias próximas na Bahia, São Paulo e Rio de Janeiro.

Procurados pela reportagem, o Ministério de Minas e Energia e a Petrobras não confirmaram se estão montando um plano emergencial para evitar que falte gasolina no fim do ano. O coordenador do Fórum Nacional Sucroenergético, Luiz Custódio Cotta Martins, que participa do grupo de discussões com o governo, afirma que o assunto tem sido debatido com preocupação. "A frota não para de crescer, e o consumo de gasolina também. Caminhamos para um apagão de combustível".

Por nota, a Agência Nacional de Petróleo (ANP) disse que "monitora o abastecimento de combustíveis e mantém contato permanente com órgãos do governo e agentes econômicos do setor. "O abastecimento de combustíveis no Brasil, tanto de diesel quanto de gasolina, está ocorrendo de forma regular. Casos pontuais envolvendo o abastecimento de gasolina, ocorridos recentemente em alguns locais, já foram sanados", afirmou a agência reguladora.

São Paulo fará campanha para incentivar etanol - Um alívio para ajudar a combater o desabastecimento de gasolina pode vir de São Paulo. Na próxima quinta-feira, a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) começa uma campanha no Estado para incentivar o uso de etanol. "Lá, onde o ICMS do etanol é 12%, esse combustível já vale mais a pena, só que os consumidores se acostumaram a usar a gasolina e ainda não voltaram para o álcool", explica o coordenador do Fórum Nacional Sucroenergético, Luiz Custódio Cotta Martins.

Segundo ele, como São Paulo tem a maior frota do país, a substituição fará diferença para os demais Estados. Outra medida apontada pelo setor para amenizar o problema logístico com o aumento da gasolina importada, que demora para ser descarregada nos portos, é o aumento de 20% para 25% do percentual de etanol misturado à gasolina. A medida está prevista para junho do ano que vem, mas o governo ainda não assinou nenhum decreto. "Isso reduziria o prejuízo da Petrobras, que está importando por um preço maior, e também o problema de logística", comenta.

Copersucar se torna a gigante mundial do setor - Os dois maiores mercados mundiais de etanol, Brasil e Estados Unidos, serão comandados por uma empresa brasileira. A Copersucar, cuja origem foi uma cooperativa de produtores de cana-de-açúcar, açúcar e álcool criada em 1959, anunciou ontem a conclusão de um acordo com a norte-americana Eco-Energy, a partir do qual se tornará líder mundial de comercialização de etanol.

A companhia brasileira realizará um investimento – cujo valor não foi divulgado – na Eco-Energy e, com isso, se tornará o controlador da empresa, que detém 9% do mercado de etanol dos Estados Unidos. Maior comercializadora de açúcar e etanol do Brasil, a Copersucar vai incorporar uma trading com receita anual de aproximadamente US$ 3 bilhões e oferta global de 4,5 bilhões de litros de biocombustíveis, o que lhe garantirá a condição de terceira maior empresa do setor nos Estados Unidos. As duas, juntas, podem ser responsáveis por 12% da produção mundial.

O grupo brasileiro projeta comercializar 4,8 bilhões de litros de etanol na safra 2012-2013 e atingir receita de US$ 7,5 bilhões (R$ 15 bilhões), número que também inclui a venda de açúcar.

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