Logística deve ser considerada em todo o processo de produção

Publicado em
07 de Abril de 2016
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Diretor de logística da Avon para a América Latina sugere a integração de todos os departamentos internos das companhias e seus parceiros para aumentar a eficiência e controlar custos

A Avon realiza diariamente 110 mil entregas, fazendo circular 2000 carros nas ruas que transportam, porta a porta, 140 mil caixas. Os números, por si só, já são expressivos, e ficam ainda mais impressionantes quando se colocam as estatísticas por produto, como por exemplo a máscara de cílios, que chega a vender, no mundo, uma unidade a cada segundo.

E o responsável pela logística de distribuição da companhia nos 15 países da América Latina, Marcelo Frias, Diretor de Inbound para a região, esteve na Feira Intermodal para falar sobre os avanços que a área de logística da companhia conseguiu na última década, por meio de gestão de pessoas, terceirização e controle de serviços com uma visão global da cadeia de transportes, um estudo profundo de embalagens e a integração das diversas áreas da companhia.

“De uma maneira geral, a área de logística se desenvolveu dentro das empresas”, diz Frias, fazendo uma retrospectiva não apenas da Avon, como da gestão de cadeias de suprimento no mundo todo. Ele contou que, há uma década, quando o departamento de logística da empresa contava com 200 profissionais, a Avon amargava 2% de custos decorrentes de falhas logísticas. “Hoje, este número está em 0,3% e a área conta com apenas 40 colaboradores que têm, como foco exercer uma função estratégica, focada em melhorar os processos e controlar as operações terceirizadas de operadores internacionais.

Frias conta que a grande virada da Avon veio quando a companhia decidiu considerar um calendário único para seus produtos globais, unindo os custos das operações de modo a ganhar com a TCO (Total Cost Operation) na consolidação das regiões. Na Ásia, por exemplo, a empresa já chegou a operar com 27 portos, e hoje limita-se a 5, algo que conseguiu com planejamento e inclusão do operador no processo integrado de produção. Entre as escolhas feitas pela companhia estão também contratações com tarifa fixa de frete, deixando apenas a variação do preço do combustível fora da negociação. Além disso, prima por métodos de eficiência do freight forwarder, compartilhando com ele as vitórias e prejuízos, no sistema “ônus e bônus”.

“As empresas se veem levadas a prestar um bom serviço não apenas nos países com boa estrutura – afinal, oferecer bom serviço na Europa é fácil – mas sim em todos os países: se ocorre uma falha nos países onde o trabalho é mais complicado, ela acaba penalizando o contrato global”, explica Marcelo Frias.

No quesito “complicado”, ele atesta que a América Latina é um laboratório. Por suas semelhanças e particularidades, a Avon desenvolveu Clusters, dividindo a América Latina em trechos, que se desenvolvem separadamente, porém com negociações conjuntas e controles inteligentes.

Para garantir a coerência e o controle total de operações, a empresa tem uma política severa de compliance, que proíbe os agentes a executar qualquer ação que fuja dos procedimentos, nem que seja para “facilitar” o acesso da carga ao porto: diante de qualquer problema enfrentado, as instruções são de se acionar o jurídico da própria companhia.

Gestao de talentos: Marcelo Frias reconhece a grande importância da equipe em uma corporação, citando a palestrante anterior, que havia afirmado: “de nada adiantam as melhores ferramentas se não tivermos os melhores talentos”. Ele diz que, entre os itens extremamente importantes que a empresa busca em seus colaboradores estão a experiência, o ambiente e a competência. Para reconhecer e manter seus talentos, a Avon oferece programas de estágio, planos de sucessão, jornadas flexíveis e sistema de,home office, que hoje vem se tornando cada vez mais comum, embora exija bastante maturidade, orientação, disciplina – e controle.

Case MIT: A Avon submeteu recentemente ao MIT (Massachussets Institute of Technology) um caso de sucesso que gerou à companhia uma economia projetada de 12 milhões de reais, para o qual se inspirou nas embalagens reduzidas dos produtos da Apple, “uma empresa focada na logística”, comenta Marcelo Frias.

“Package redesign”, o redesenho das embalagens, foi o foco da empresa, que dividiu os seus produtos por silhuetas. Se antes a Avon trabalhava com 4 tipos diferentes de caixas, hoje desenvolveu 16 delas, e adaptou também as embalagens a seus produtos.

“Produtos em formatos grandes comem a margem”, diz ele. Com essa orientação, a Avon hoje utiliza um software que calcula e combina as dimensões dos produtos, embalagens, caixas, armazéns e veículos de transportes. De uma maneira bastante simplificada, a empresa fez com que a área de logística, hoje em dia, seja consultada pela de criação para dar o aval na criação de qualquer produto.

Com a integração de todas as áreas da empresa, Marcelo Frias garante que nenhuma delas deve ser considerada mais importante do que as outras, mas sim trabalhar em conjunto, “end-to-end”.

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