É preciso começar o processo de substituição dos serviços de Escolta de Cargas Especiais da PRF por batedores privados
Ao longo dos últimos anos, muitos avanços foram obtidos na sistemática de obtenção de AET para o trânsito de veículos transportando cargas excedentes, em especial depois da publicação da Resolução 01/16, do DNIT.
Uma prova disso é o baixo índice de reclamação das transportadoras.
Não se deve deixar de considerar que boa parte dessa relação mais ou menos tranquila entre transportadoras e DNIT/Concessionárias é o estado de quase paralisia do segmento em vista de quase dez anos de recessão ou baixo crescimento da economia.
Mas o fato é que se há ainda uma parte do processo que incomoda o segmento é a que diz respeito ao agendamento de Escolta da Polícia Rodoviária Federal.
Mesmo levando em conta a baixíssima demanda por esse tipo de serviço (EXCETO NO TRANSPORTE PARA O SEGMENTO EÓLICO, CONCENTRADO EM ALGUMAS REGIÕES), o fato é que, por diversas razões, quase nenhuma delas de responsabilidade das transportadoras, o tempo para agendamento, superior a 15 dias, continua sendo um grande gargalo para quem transporta cargas que demandem batedores da PRF.
A razão principal é sem dúvida o excesso de burocracia que envolve a solicitação de agendamento de escolta da PRF. Uma outra, em especial no que se refere à execução do serviço é a falta de recomposição dos quadros da PRF. Nota-se também um certo desinteresse do órgão federal por esse tipo de serviço. Fenômeno aliás que não é específico da PRF.
Ele ocorre em vários países e inclusive no Brasil, caso do estado de São Paulo em que o acompanhamento do transporte de cargas especiais por batedores da Polícia Militar Rodoviária está atualmente limitado (por força da Portaria SUP/DER-111) à cargas com PBTC acima de 288 toneladas, ou no caso de operações especiais que requeiram a necessidade de inversão de pista, fechamento de trevos, fechamento de acessos, bloqueio do trafego, entre outras.
Um outro exemplo de estado que deu fim à obrigatoriedade da Escolta Policial para o acompanhamento de transportes de cargas excepcionais é o de Ontário no Canadá.
Por essas razões é que a Logispesa – Associação Brasileira de Logística Pesada - se sente na obrigação de alertar os Ministérios da Infraestrutura e da Segurança, através do DNIT e da PRF, para iniciarem as discussões e começarem a criar as condições para liberar a PRF do acompanhamento de cargas excepcionais.
João Batista Dominici, presidente da Logispesa, acrescenta que é oportuno o começo imediato dessa discussão, tendo em vista uma possível retomada da economia com força em 2021, com o aumento significativo da quantidade de transportes que vão demandar o acompanhamento por batedores da PRF e o risco de um grande gargalo por falta de policiais e de sistemas adequados para o agendamento que hoje demora pelo menos 15 dias.
Ele lembra ainda que a primeira e melhor opção para substituição de batedores da PRF é por batedores privados adequadamente treinados pela própria PRF e também que os principais corredores rodoviários federais do país estão ou serão brevemente concessionados e que os operadores rodoviários das concessionárias, como ocorre em são Paulo dispõem dos recursos e das condições técnicas para executar o trabalho de acompanhamento de cargas excepcionais.