Livros de Logística defasados e obsoletos assombram nossas bibliotecas, por Mauro Roberto Schlüter

Publicado em
10 de Outubro de 2011
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Quando inicio um novo semestre, ministrando aulas nas disciplinas de logística, faço um alerta aos meus alunos sobre a defasagem no conteúdo de boa parte dos livros de logística disponíveis, tanto nas (tanto nas bibliotecas quanto nas editoras).

O alerta aos alunos é válido na medida em que eles ainda não desenvolveram conhecimento suficiente, algo necessário para uma análise crítica mais profunda em relação ao conteúdo dos livros disponíveis nas bibliotecas e livrarias.

A maior parte dos livros sobre logística está com mais de 12 anos de publicação, sendo que alguns contam com mais de 30 anos da data de sua publicação. Se você duvida, abra um livro e localize a página onde constam as informações da ficha catalográfica e localize o ano de publicação do livro.

Se o autor do livro for estrangeiro (algo comum em se tratando de logística), tome o cuidado para não ler a data da publicação do livro no Brasil e sim a data de sua publicação original no seu país de origem (normalmente os Estados Unidos). São raras as obras cuja data de publicação é recente em relação a sua publicação original.

Veja por exemplo, o caso do livro “Logística Empresarial” de Donald Bowersox, cujo ano de publicação dos últimos exemplares no Brasil é 2010 e o ano de publicação do original é de 1997. Não se trata de afirmar que o livro é ruim e não serve para ser consultado ou referenciado, mas algumas partes já estão obsoletas e não devem ser utilizadas, principalmente em trabalhos de vanguarda (notadamente artigos científicos).

É nessas horas que um professor com capacidade de julgamento e análise crítica (obtida através de pesquisa científica), pode auxiliar os alunos na busca de referenciais robustos para o seu trabalho.

O caso do livro “Logística Empresarial” de Ronald Ballou é um exemplo clássico, que utilizo para exemplificar melhor uma situação de obsolescência de um livro. O conceito de logística empresarial que consta neste livro é: “o produto certo, na hora certa, no local certo e ao menor custo possível”.

Este mesmo conceito, na sua forma literal, consta de livros de Marketing e de Qualidade Total. Por óbvio a Logística não é Qualidade Total, que não é Marketing, que não é Logística Empresarial.

Aliás, se você deseja saber se seu interlocutor entende um pouco de logística, peça para ele resumir em poucas palavras o significado de logística. Se a resposta for o conceito de logística mencionado acima, tenha certeza que o seu interlocutor pouco sabe sobre a atualidade do conhecimento sobre logística.

Pior do que a existência de livros defasados é a existência de professores defasados, aqueles que simplesmente repetem a bibliografia básica e complementar que estavam presentes nos planos de ensino das disciplinas. Exemplos disso não nos faltam.

No início do semestre fui apresentado a um plano de ensino onde constava como bibliografia básica o livro “Administração de Materiais: Uma abordagem Logística” do grande professor e escritor Marco Aurélio Dias. Livro foi excepcional durante a década de 80, mas boa parte dele se tornou obsoleto para tratar de assuntos logísticos da atualidade.

Por exigência do MEC, cada livro relacionado na bibliografia básica do plano de ensino da disciplina, deve ter um exemplar para cada cinco alunos A citação de livros obsoletos nos planos de ensino, tanto na bibliografia básica quanto na complementar, faz com que as instituições de ensino realizem investimentos em livros igualmente obsoletos para a biblioteca.

O resultado disso é conhecido de todos. Aliás, segue como mera sugestão um pequeno questionamento aos seus alunos e seus colegas de ensino em logística: O que você sabe sobre a visão sistêmica da logística?

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