Líder de quadrilha diz que 90% dos caminhoneiros são coniventes com roubos

Publicado em
30 de Agosto de 2012
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Acusado de liderar uma quadrilha responsável por roubos de cargas milionários em todo o Nordeste, o alagoano Josenildo Balbino de Oliveira, 46 anos, surpreendeu pela ‘franqueza’ ao conceder entrevista à imprensa na tarde desta quarta-feira, 29, quando foi apresentado na Delegacia Geral da Polícia Civil.

“Estou aqui por que devo”, disse, afirmando que nem o filho - Caio Vitor de Amorim Oliveira -, nem Joelma Maria de Oliveira, ambos presos na Operação Angoera, tinham qualquer envolvimento no esquema criminoso. “Eu uso a conta bancária dele, mas ele não mexe com bandido. Quem mexe sou eu. Tudo é comigo”.

Além de inocentar a dupla, que também foi apresentada nesta tarde pela PC, Josenildo contou detalhes sobre o funcionamento da quadrilha, revelando que 90% dos roubos ocorria com a conivência dos caminhoneiros que transportavam as cargas.

“São eles que me procuram. Eles trabalham muito, ganham pouco, por isso 90% vende a carga e diz que foi roubado”, contou, apontando um paulista identificado como “Rodrigo”, o “Chapelão”, como intermediário entre ele e os caminhoneiros que desejavam se desfazer da mercadoria em troca de uma porcentagem do lucro da revenda.

Josenildo disse que a quadrilha agia há cerca de dez anos no Nordeste, mas, frisou que o grupo nunca cometeu nenhum crime contra a vida (homicídio ou latrocínio). O acusado também ‘inocentou’ as empresas – espalhadas por todo o Nordeste - que adquiriam as cargas roubadas: “Os comerciantes não sabiam que os produtos eram fruto de roubo”.

Sobre os veículos apreendidos em seu poder, Josenildo contou que todos lhe pertenciam, embora nenhum estivesse em seu nome.

Valores

“Eu sou enfermeiro, estou me formando pela Ufal e só ajudava meu pai repassando o dinheiro que ele depositava em minha conta para os meus irmãos e para os gastos de minha casa. Não tenho nenhuma participação na quadrilha. Todo mundo me conhece em Arapiraca e sabe disso. Minha inocência será provada e espero que essa humilhação seja desfeita”, foi assim que Caio Vitor respondeu às perguntas sobre seu envolvimento no esquema criminoso.

Questionado sobre os altos valores movimentados pelo pai, ele disse que desconfiava que houvesse algo errado, em razão dos processos aos quais Josenildo já respondia, mas, reafirmou não ter nenhuma participação no esquema. “Quando soube que ele foi preso, fui visitá-lo na sede do Deic e fiquei preso também”.

Joelma Maria também alegou inocência, afirmando que sequer conhecia o acusado e que era apenas funcionária de Carlos Alberto Queiroz – um dos foragidos –, dono de uma empresa de alimentos localizada em Arapiraca. “A polícia esteve na empresa em busca dele, mas, não o encontraram e me trouxeram, mesmo eu tendo colaborado para tentar localizá-lo. Não tenho nenhuma participação na quadrilha”.

Segundo a polícia, Carlos Alberto já foi preso pela Polícia Federal por roubo de cargas.

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